Alguns dos primeiros refugiados de Carmona e no BC12. O engº. Luís Silva foi um deles e lembra-se que por lá chegaram a passar mais de 1000 famílias |
O Hospital de Carmona, para onde eram transportados os feridos dos combates de Carmona, nos trágicos primeiros dias de Junho de 1975. Há 47 anos! |
A imprensa de Lisboa do dia 2 de Junho de 1975, hoje se fazem 47 anos, dava conta dos combates em Carmona - iniciados na véspera, domingo, e de que ontem aqui lembrámos.
O vespertino «Diário de Lisboa» chamava à primeira página o título «Combates em Carmona» e noticiava que «graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre as tropas do MPLA e da FNLA, obrigando à intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar mista, composta por forças integradas dos três movimentos de libertação».
Mais de 1000 famílias
Uma das tarefas das NT foi proteger a população civil e, por isso, «foi dada entrada no quartel um milhar de refugiados» - lê-se no livro «História da Unidade».
Combates sangrentos e recolha de civis!
O dia 2 de Junho de 1975, na verdade, foi de violentos combates em Carmona, envolvendo toda a guarnição portuguesa em defesa de pessoas e bens.
Não foi bem assim.
Não foi nada assim, aliás.
Quem na verdade interveio - e sem qualquer pretensioso auto-elogio, que de nossa parte nunca viria ao caso... - foram os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e de forma corajosa, sem recuar ante quaisquer perigos, sem hesitar e avançando ao som da mortífera metralha que «alastrou» a cidade, salvando milhares de vidas - evacuando civis, principalmente idosos, mulheres, jovens e crianças para o BC12.
E também militares feridos de ambos os movimentos.
As forças mistas, segundo lemos no livro «História da Unidade» e disso bem nos lembramos (até porque delas fomos monitores), só depois tiveram a sua 1ª. Companhia, instruída pelos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e integrando «elementos da FNLA e da UNITA», já que o MPLA foi expulso do Uíge, na sequência destes trágicos dias.
Mário Ribeiro, engº. Eugénio Silva, furriel Viegas, o condutor Nogueira do Liberato e familiar de ES a 22 de Setembro de 2019 no aeroporto de Luanda |
Mais de 1000 famílias
protegidas no BC12.
Uma das tarefas das NT foi proteger a população civil e, por isso, «foi dada entrada no quartel um milhar de refugiados» - lê-se no livro «História da Unidade».
Terão sido bem mais.
Um civil protegido, foi um então jovem estudante, mais tarde quadro superior da Sonangol e agora já aposentado, o engº. Eugénio Silva.
Um civil protegido, foi um então jovem estudante, mais tarde quadro superior da Sonangol e agora já aposentado, o engº. Eugénio Silva.
«Nunca esquecerei aquele fatídico dia 1 de Junho de 1975, em Carmona! Eu nunca tinha estado em tal situação e fiquei bastante surpreendido. Vocês protegeram a vida a muitos civis, que nada tinham a ver com aquilo, e não só», recordou ele, em mensagem enviada para o Encontro dos Cavaleiros do Norte da CCS, a 30 de Maio de 2015, em Mortágua.
Hoje mesmo, 2 de Junho de 2022, nos renovou mensagem: «Vocês, militares, protegeram mais de 1000 famílias no BC12. Todos nós tínhamos sempre o pequeno almoço, almoço e jantar», escreveu o então jovem estudante de Carmona, acrescentando que «eu nunca vou esquecer-me disso».
Alferes Garcia e furriel Viegas, do PELREC da CCS. O pelotão foi dos primeiros a sair do BC12 para a cidade de Carmona, na madrugada de 1 de Junho de 1975. um domingo de há 47 anos! |
O dia 2 de Junho de 1975, na verdade, foi de violentos combates em Carmona, envolvendo toda a guarnição portuguesa em defesa de pessoas e bens.
Aos operacionais (e não eram muitos...) couberam, naturalmente, os pontos mais sensíveis: aeroporto, hospital, Banco de Angola, aquartelamentos e edifícios públicos, comunicações, redes de água, abastecimento e electricidade. E a segurança ma cidade, a dramática operação de recolha da população civil, indefesa e fragilizada, que pedia proteção e era recolhida nas ruas, às portas de suas casas, e levada para o BC12. E dos feridos, fossem civis ou elementos das forças em confronto, para o ocupadíssimo hospital da cidade.
O dia, na verdade, foi de combates sangrentos e nalguns casos quase corpo a corpo, entre os combatentes da FNLA (o Exército de Libertação Nacional de Angola, o ELNA) e as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (as FAPLA, do MPLA). Nunca ninguém saberá quantas mortes aconteceram nestes dramáticos dias de Carmona.
Nunca poderão ser contados quantos sacrifícios e actos de coragem protagonizaram os Cavaleiros do Norte!
Quantos deles arriscaram a vida para, sem recuar, salvarem vidas da cidade!
Os não atiradores ocuparam também posições de defesa do BC12 e de alguns importantes outros pontos da cidade.
Furriel Abel Mourato
faleceu há 2 anos !
O furriel miliciano Mourato, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, faleceu a 2 de Junho de 2020, vítima de doença e em Vila Viçosa.
Abel Maria Ribeiro Mourato foi vagomestre e partiu para Angola a 4 de Junho de 1974, de lá regressando a 10 de Setembro de 1975. Por lá foi
grande e bom companheiro da nossa jornada e, cá, foi funcionário público da administração fiscal.
Residia em Vila Viçosa e já aposentado, começou a queixar-se de dores na cervical e de artroses, o que o fez entrar em ciclo depressivo. A 27 de Maio de 2020, entrou em internamento hospitalar, tendo-lhe sido diagnosticados problemas de tensão alta, dificuldades de oxigenação e uma embolia pulmonar.
Casado em segundas núpcias com Manuela, era pai de Marta, de 19 anos. E de Nuno Miguel, de 42 e do primeiro casamento. Até um destes dias, amigo Mourato! Não te esquecemos por cá! RIP!!!
Furriel Abel Mourato
faleceu há 2 anos !
O furriel miliciano Mourato, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, faleceu a 2 de Junho de 2020, vítima de doença e em Vila Viçosa.
Abel Maria Ribeiro Mourato foi vagomestre e partiu para Angola a 4 de Junho de 1974, de lá regressando a 10 de Setembro de 1975. Por lá foi
grande e bom companheiro da nossa jornada e, cá, foi funcionário público da administração fiscal.
Residia em Vila Viçosa e já aposentado, começou a queixar-se de dores na cervical e de artroses, o que o fez entrar em ciclo depressivo. A 27 de Maio de 2020, entrou em internamento hospitalar, tendo-lhe sido diagnosticados problemas de tensão alta, dificuldades de oxigenação e uma embolia pulmonar.
Casado em segundas núpcias com Manuela, era pai de Marta, de 19 anos. E de Nuno Miguel, de 42 e do primeiro casamento. Até um destes dias, amigo Mourato! Não te esquecemos por cá! RIP!!!
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