CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 24 de julho de 2016

3 467 - A evacuação de Carmona e a (re)entrada da FNLA em Luanda

Carmona, actual cidade do Uíge, em foto recente, da net: o antigo 
Comando do Sector do Uíge e Zona Militar Norte (à esquerda), o Governo 
Civil, avenida Capitão Pereira, os CTT e a Câmara Municipal. A estrutura 
física é a mesma do tempo dos Cavaleiros do Norte. Há 41 anos!

Três Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423 na
piscina de Carmona: os furriéis milicianos António
Carlos Letras (à esquerda) e José Fernando Melo,
ladeando o alferes miliciano João Francisco Machado

A saída dos Cavaleiros do Norte, de Carmona para Luanda, foi cuidadosamente preparada. A 23 de Julho de 1975, realizou-se uma primeira reunião (seguir-se-iam as de 28/29) com elementos do Quartel General (QG) da Região Militar de Angola (RMA) para, segundo o Livro da Unidade, «obter os meios necessários à execução de tal operação» -  movimento, que «começou a materializar-se a 31 de Julho».
Os furriéis milicianos José Francisco Neto (CCS)
e João Domingos Peixoto (adido) num momento de
lazer, na messe do Bairro Montanha Pinto 
A 24, hoje se passam 41 anos e em Lisboa, o Presidente da República (general Costa Gomes) considerou «inaceitável», e cito o livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques, os termos do «ultimato relativo às condições de saída de Carmona e do Negage», mas aceitava, e continuo a citar este livro, que «uma coluna militar poderosa e um agrupamento de Tropas Especiais, artilharia, blindados e todo o apoio aéreo possível» evacuassem as duas cidades - onde apenas sobravam o BCAV. 8423 (os Cavaleiros do Norte) e a ainda bem mais pequena guarnição negajana.
A FNLA controlava os distritos (províncias) do Uíge e Zaire e, expulsa de Luanda pelo MPLA, aqui queria voltar. Na noite de 24 de Julho de 1975, o Alto Comissário Silva Cardoso convocou vários oficiais para analisar a situação e decidir o que fazer. Na manhã seguinte, segundo Alexandra Marques («Segredos da Descolonização de Angola»), comunicou ao Presidente Costa Gomes que «decidi não me opor a uma eventual entrada da FNLA em Luanda» e que, por preocupação, ordenara «a ocupação imediata e a manutenção a todo o custo da câmara, refinaria, aeroporto, emissora e Grafanil».
A situação de Angola nas páginas do Diário
de Lisboa de 24 de Julho de 1975
«Logo que fosse possível», acrescentou Silva Cardoso na mensagem a Costa Gomes, começaria «a retirada de Carmona, Negage e Santo António do Zaire, sem atender às pressões da FNLA», que, como bem sabiam os Cavaleiros do Norte (e na pele e na alma tal sentiam), a todo o custo queriam impedir a retirada dos militares. Que eram, no fundo, o seu grande tampão de segurança e defesa em qualquer situação de ataque do MPLA - que a todo o custo queria ocupar estes dois bastiões do movimento de Holden Roberto. Não era crível que as FAPLA alguma vez atacassem as NT.
O dia de véspera e em Luanda, foi tempo para novos combates, nos bairros da Cuca e do Cazenga, entre os dois movimentos rivais (MPLA e FNLA). E prosseguiam no Caxito, onde, segundo o Diário de Lisboa, se admitia que «Daniel Chipenda estaria na frente da coluna, a qual englobaria blindados»
Jonas Savimbi, presidente da UNITA e falando em Abidjan, admitia não ver como possível que a independência fosse a 11 de Novembro, devido à situação «muito grave» que se vivia. Acrescentou «haver o risco de surgir um novo Vietname, devido ao desrespeito pelos Acordos do Alvor e de Nakuru». Mas admitia «responder favoravelmente ao convite dirigido soa três movimentos de libertação de Angola para se reunirem em Kampala», na altura da Cimeira da OUA.

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