CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

3 468 - Coluna dos Cavaleiros para Salazar e FNLA no Caxito

A tomada do Caxito, com o português José Victor Nogueira e Carvalho 
(à esquerda), que participou nos combates. Ver AQUI

Três furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, a de  Santa
Isabel: Grenha Lopes (de Barcelos e agora em Lisboa),
Agostinho Belo  (do Retaxo, Castelo Branco) e, à frente,
Graciano Silva (Lamego)

Aos 25 dias do mês de Julho de 1975, uma sexta-feira, há precisamente 41 anos e à terceira tentativa, finalmente e depois de «desanuviado ligeiramente o ambiente, conseguiu realizar-se a desejada coluna a Salazar, fazendo-se o seu regresso e do pessoal que tínhamos em Luanda em 26 de Julho», reporta o Livro da Unidade - o do Batalhão de Cavalaria 8423, os Cavaleiros do Norte - sobre esses dias de algumas dúvidas e de muitas expectativas.
Mapa de Angola (parcial), para se avaliar a
distância e o percurso de Carmona (Uige)
ao Caxito e a Luanda
A Carmona chegavam notícias da «ocupação do Caxito por blindados da FNLA», tendo o MPLA abandonado a vila, que ocupava desde Maio anterior. Caxito que era (é) um importante nó rodoviário e uma das principais portas de entrada de Luanda, que fica(va) a uns 50/60 quilómetros. Por onde iriam (mas não foram) passar os Cavaleiros do Norte, na sua retirada de Carmona, se tivessem ido pela Estrada do Café, como era expectável. Foram por Negage, Camabatela, Salazar e Dondo, por Catete e Viana, até ao Grafanil.
Daniel Chipenda, que afinal continuava em Carmona (e não no Caxito, no comando das tropas da FNLA), lá deu nesse dia uma entrevista a um jornalista da AFP, anunciando ao  mundo que «as nossas tropas marcham sobre Luanda e esperamos que a sua entrada na capital aconteça nos próximos dias». 
«Apesar das declarações de várias entidades do Governo de Lisboa, as forças portuguesas não se oporão realmente ao avanço das tropas da FNLA», sublinhou o dirigente e comandante militar da FNLA, acrescentando «não ter medo a eventual intervenção da Força Aérea Portuguesa», até porque, disse, confiante, «durante a guerra, os portugueses usaram a aviação e você conhece s resultados».
A confiança de Chipenda parecia ilimitada, nomeadamente afirmando que o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA), era «mais importante, em comparação com os outros ,movimentos de libertação» e que, na mesma entrevista, «vamos a Luanda não para negociar mas para dirigir», até porque, frisou, «todos os anteriores acordos foram violados pelo MPLA».
Daniel Chipenda, que conhecemos em Carmona (durante a campanha da apanha do café e num comício da FNLA, no campo do Clube Recreativo do Uíge) e mais tarde encontrámos em Portugal, afirmou também que as FNLA «não tinha a intenção de se acantonar no norte de Angola, mas, sim, a de se instalar em Luanda e de lá «manter  seu quartel-general». 
Fazenda Chandragoa: a casa da administração e
fortim (em cima) e Zeca, filho do proprietário, aos
18 anos (em baixo). Foi visitada por Almeida e
Brito há precisamente 42 anos, 25 de Julho de 1974!
Chipenda revelou também que o presidente Holden Roberto estava «em território de Angola» - em Carmona, muito se comentou, na altura, que estaria lá, na cidade... - e perguntado sobre a possibilidade de a FNLA proclamar um estado a norte de Angola, foi taxativo: «Não queremos balcanizar o nosso país. A nossa capital não é Carmona nem S. Salvador, mas sim Luanda».
Um ano antes e no Quitexe e outras subunidades (Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Vista Alegre e Liberato), celebrou-se o Dia do Exército «com cerimónias simples». No mesmo dia 25 de Julho de 1974, o comandante Carlos Almeida e Brito, acompanhado de autoridades locais (administrativas e eclesiásticas), visitou as Fazendas Guerra, Chandragoa, Buzinaria e Isabel Maria.
- NOGUEIRA e CARVALHO. José Victor de Brito 
Nogueira e Carvalho foi capitão miliciano de Infantaria,  
inspector da DGS em Angola, funcionário superior da 
Polícia de Informação Militar (PIM) e do Gabinete Especial 
de Informações do Comando-Chefe das Forças Armadas 
de Angola. Ver AQUI

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