CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 29 de julho de 2016

3 472 - Cavaleiros do Norte para rodar e fome e mortos (?) em Carmona

Carmona, em 1975: a estrada que ia da cidade para o Songo, passando
pelo BC12, o quartel do BCAV. 8423, os Cavaleiros do Norte

A parada do BC12, vendo-se um autocarro
civil - provavelmente para transportar civis
que ali tinham sido acolhidos na dramática
primeira semana de Junho de 1975
O comando do Batalhão de Cavalaria 8423 - tenente coronel Almeida e Brito e capitães José Digo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (oficial adjunto) - voltou a reunir com os elementos do Quartel de General da Região Militar de Angola, a 29 de Julho de 1975, «de modo a obter os meios necessários» para a operação de rotação dos Cavaleiros do Norte para Luanda.
Alferes João Machado, capitão Castro Dias e
um outro alferes de uma companhia que passou
em Carmona, nos últimos dias da jornada uíjana
Luanda de onde, através da imprensa, chegavam notícias de... Carmona: «Quarenta pessoas morrem diariamente de fome no distrito do Uíge, no norte de Angola», reportava o Diário de Lisboa, citando relatos de «viajantes chegados a Luanda». E acrescentando que «a escassez de alimentação tornou-se desesperada com a chegada de mais de 300 000 angolanos que regressaram do Zaire, onde se tinham refugiado durante a guerra pela independência».
Que os alimentos faltavam, é verdade. Que muitos aviões militares transportaram géneros alimentícios para Carmona, também. Que diariamente 40 pessoas morressem à fome, ousamos duvidar. Disso não temos memória sequer parecida, nem os Cavaleiros do Norte que agora consultámos sobre esta matéria de tal tragédia tem ideia.
José Lino (mecânico, do Fundão) Agostinho
Belo (vagomestre, do Retaxo, em Castelo
Branco) e António Luís Gordo (atirador, de
Alter do Chão), três furriéis milicianos da 3ª.
CCAV. 8423, a de Santa Isabel
Ao Uíge e de Luanda, reportava o Diário de Lisboa de 29 de Julho de 1975, «continuam a afluir os refugiados da região de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates que opuseram este mês dois movimentos de libertação antagónicos» - o MPLA e a FNLA.
A FNLA continuava no Caxito, onde esperaria «carburante do Zaire para avançar sobre Luanda» - embora, antes, tivesse de «obter uma vitória militar 20 kms. a norte da capital, em Quifangondo, zona onde se concentraram importantes forças militares do MPLA». Mas o MPLA dizia, sobre o Caxito, que as suas forças cercavam a cidade.
Em Luanda, ao fim da tarde da véspera, «irrompeu cerrado duelo de armas ligeiras e pesadas nas imediações da fortaleza de S. Pedro da Barra, onde as tropas da FNLA continuavam, a resistir ao assédios das FAPLA, do MPLA».
Em Malanje, os combates «recomeçaram ao fim da tarde de ontem, com particular violência» e, em consequência, «2 aviões militares portugueses que transportavam fornecimentos (para a cidade) foram atingidos pelo fogo cruzado entre MPLA e FNLA, tendo ficado ferido um dos tripulantes».
A FNLA dominava no Uíge, mas sabia-se que as estradas de acesso estavam bloqueadas pelo MPLA. Seria por elas, pela Estrada do Café (de Carmona a Luanda) ou pelo Negage/Salazar/Dondo que os Cavaleiros do Norte iriam passar, a partir de 3 de Agosto. Foi por estas.

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