O alferes Hermida e a esposa,, na festa de Natal do Quitexe (1974). À sua esquerda, o casal Margarida e alferes Cruz |
O alferes Hermida foi oficial miliciano de transmissões e acção psicológica na CCS do BCAV. 8423. Abandonou o Quitexe em finais de Março de 1975, há 38 anos, por razões que estão expressas na ordem de serviço nº. 69, e seguiu para o Songo, onde esteve «algumas duas semanas». Logo depois, seguiu para um mês em Luanda, até que recebeu ordem de marcha para Nova Lisboa, já íamos por dias bem perto de Maio.
A cidade capital do Huambo, ao tempo, fumegava de rebentamentos de granadas, obuses, rockets e morteiros, cheirava a sangue e a morte, numa guerra fraticida entre os três movimentos de libertação.
«Era uma balbúrdia. A tropa controlava meia cidade e o aeroporto, o resto era dividido entre a FNLA e a UNITA, o MPLA tinha sido corrido», recorda-se o oficial miliciano, que por essa altura teve de dizer adeus à esposa Graciete, evacuada de avião, com outras mulheres de oficiais e civis, para Luanda e daqui para Lisboa. A capital do Huambo, cenário de violentos combates, foi terra de «solteiro» para o jovem oficial, que não se dispensou de saídas pela noite fora, às vezes «sem cuidar de grandes reservas de segurança...». Aquilo, sublinha agora, «era uma coisa maluca».
Outra ordem de marcha, levou-o para o Luso, no leste - onde as coisas se complicaram bem mais. «Ainda dei instrução ao que era para ser o exército de Angola, mas aquilo não deu em nada», recorda-se José Leonel Hermida.
A cidade foi chão de batalhas sem quartel e, uma vez, até instalações militares portuguesas "foram alvejadas por rockets", sem feridos e muito menos mortos. A FNLA, despojada e vencida, foi evacuada e a cidade ficou nas mãos da UNITA e MPLA - que também não se viriam a entender.
José Leonel Hermida regressou a Portugal e à sua Coimbra em Setembro de 1975, onde o esperavam os braços e as saudades de Graciete - que conhecemos bem do Quitexe, onde professorou. Por cá, foi directora de escola do 1º. ciclo e está aposentada. A vida deu-lhes uma filha, Margarida Dulce, licenciada em biologia, com mestrado em Ciências do Mar - Recursos Marinhos (em 2005/6) e doutoramento (Parasites of the Blackspot Seabream, Pagellus bogaraveo, as Biological tags for Stock Identification) aprovado a 7 de Dezembro de 2012, na Universidade do Porto. Trabalha na ilha da Madeira.
O casal Hermida folga a aposentação na Figueira da Foz, onde José Leonel diz ter «muitos afazeres extras», feliz, descontraído e à espera de ser avô.
- HERMIDA. José Leonel Pinto de Aragão Hermida,
alferes miliciano de transmissões e acção psicológica.
Engenheiro de formação, foi professor de matemática e física, aposentado.
Natural de Coimbra e residente na
Figueira da Foz.
Olhó grande Hermida, já nem me lembrava deste alferes, que era um tipo bem disposto, das transissões, fiz algums reforços com ele de oficial de dias.
ResponderEliminarAind abem que á o blogue para a gente recordar esta gente.
Um abraço para ele e outro para o Viegas e todos os Cavaleiros do Norte.
Silva
Caro Viegas,
ResponderEliminarGostei muito de inspecionar o seu blogue e rever toda a *cambada* do nosso antigo batalhão.
Tudo de bom para si e família.
Leonel