CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 20 de abril de 2013

1 645 - O Cavaleiro do Norte que deu armas ao MPLA - 2


Fortaleza de S. Pedro da Barra, onde Carlos Ferreira esteve detido (1975)

(...) O «cavaleiro» Ferreira tinha armas no 
Grafanil, tinha de as entregar, mas era 
preciso um transporte (cont. de ontem).

Luanda fervia de emoções e o cheiro de pólvora e dos combates «embriagava» as gentes que, aos milhões, queriam fugir da guerra e da morte que por lá semeavam lutos. Muitos lutos. E o Ferreira com as armas, para entregar.
A situação era muito agitada e o Morris muito velho e aparentemente abandonado, apareceu ali mesmo a jeito, como solução para transportar as armas. Só que nem Carlos Ferreira e muito menos os seus dois companheiros alguma vez pensaram que era (já) roubado.
A prisão complicou tudo e Ferreira assumiu todas as culpas. Os dois companheiros da aventura nem sequer suspeitavam da razão porque queria o carro. Nunca os quis comprometer, era uma questão de honra. Preso e com algumas armas guardadas no gira-disco e na caixa, por entregar.
Uma semana depois de estar na prisão militar, um fortim na entrada da baía de Luanda, Carlos Ferreira já tinha grande liberdade de movimentos e tornou-se íntimo de um civil, também preso, numa das muitas «macas« de Luanda. Tinha um Land Rover, que lhe emprestou e com o qual conseguiu ir buscar o móvel do gira-discos e entregar 8 Starlings ao MPLA.
Anos passados, viria a encontrá-lo em Lisboa.
Luanda desse tempo, já depois do regresso dos Cavaleiros do Norte, esteve cercada e sem tréguas que pacificassem MPLA e FNLA. No Caxito, Santos e Castro chegou a estar com mercenários,ex-comandos, exército zairense e FNLA´s. Ao combates ensaguentaram a cidade. Carlos Ferreira, embora preso, assistiu a um comício de Fidel Castro e à chegada de tropas cubana, à saída definitiva da tropa portuguesa e à independência de Angola.
Nesta conjuntura, compreende-se que ninguém estivesse preocupado com ele, e outros, na prisão. O comandante desta, aliás, achava que a detenção era um absurdo e Carlos Ferreira, na prática, só lá ia dormir e comer, pois já não havia comida em Luanda. Nunca pensou é que, chegado a Portugal, seria detido e enviado para Custóias.
Fui na altura, convidado para ficar no MPLA, e... quase aceitou, mas voltou a Portugal, onde tudo fervia na caldeira revolucionária do tempo. A
 vida talhou-o para outros combates políticos e militância activa, que o levou à Brigadas Revolucionárias. Mas isso são outras histórias. FIM

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