O alferes João Machado, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, numa viagem turística às Quedas do Duquede Bragança, em Angola e há 42 anos! |
O furriel miliciano José Pires, da CCS e de Bragança, nas Quedas do Duque de Bragança, em Angola, em 1975 |
O BC12 (o Batalhão de Caçadores 12), recorda o Livro da Unidade, «desde 1961 guarnecera a capital do distrito do Uíge». Todavia e ainda segundo o LU, «nada de positivo se concretizou sobre tal movimento, que está esboçado, nas que aguarda ainda a sanção superior resultante de alterações que a Cimeira do Algarve possa impor». Cimeira do Algarve que era a do Alvor, bem entendido. A do Hotel Penina.
O tempo ia passando, riscavam-se os dias do calendário com frequência diária, literalmente, religiosamente, e começaram a realizar-se passeios turísticos às magníficas Quedas do Duque de Bragança. Era o lazer e o prazer a intermediar-se nas dúvidas e medos da guerra!
O Diário de Lisboa de 10 de Janeiro de 1975 «encheu» a primeira página com notícias sobre a Cimeira Portugal/Angola |
Uma boa solucão
para Angola
A Cimeira começou às 11 horas da manhã dessa quinta-feira de há 42 anos, com presidência de Costa Gomes e presença dos presidentes Agostinho Neto (do MPLA), Holden Roberto (da FNLA) e Jonas Savimbi (da UNITA).
A delegação portuguesa integrava os ministros Mário Soares (dos Negócios Estrangeiros), Melo Antunes e Almeida Santos (Coordenação Interterritorial), o brigadeiro Silva Cardoso e o tenente-coronel Gonçalves Ribeiro (ambos do Governo de Transição de Angola), o diplomata Fernando Reino, o tenente-coronel Passos Ramos e o major Metelo (os três da Comissão Nacional de Descolonização).
O Alto-Comissário Rosa Coutinho, afinal, não integrava a delegação mas disse aos jornalistas que, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, «o ambiente de boa cooperação existente leva a supor que a Cimeira não será muito longa».
O Presidente Costa Gomes, antes da abertura, declarou-se «muito interessado na boa solução que possamos encontrar» e manifestou a sua esperança de que a Cimeira «seja um sucesso e conduza a soluções políticas que satisfaçam todos os angolanos».
Daniel Chipenda |
O dissidente Chipenda e
separatistas de Cabinda
O dia, em Kinshasa, foi tempo de um comunicado atribuído ao Gabinete Político do MPLA, atacando o Governo Português de reconhecer «a facção dissidente» chefiada pelo dr. Agostinho Neto como única representante legítima daquele movimento.
O documento considerava «ilegais as actividades da facção dissidente de Agostinho Neto» e dizia que esta posição tinha já sido transmitida a Costa Gomes - o Presidente da República de Portugal.
A autoria do comunicado, no entanto, era por várias fontes atribuída à facção dissidente de Daniel Chipenda, expulsa do MPLA mas que a Agência Noticiosa do Zaire (ZAPA) distribuíra como sendo do Gabinete Político do MPLA, precisamente na abertura da Cimeira do Alvor.
Entretanto, em Dar-es-Salan, capital da Tanzânia, a Comissão de Descolonização da OUA rejeitou um contacto da FLEC, movimento que pretendia a independência do Enclave de Cabinda. Queria apresentar o caso à Comissão - que várias horas antes tinha finalmente reconhecido a UNITA, concedendo-lhe estatuto igual ao MPLA e à FNLA.
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