CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

3 637 - O dia da Cimeira do Alvor para a Angola independente!

A Cimeira do Alvor, há 42 anos, dia 10 de Janeiro de 1975. Na frente, Melo
Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto (MPLA), Costa Gomes, Holden
Roberto (FNLA). Jonas Savimbi (UNITA), Mário Soares e Almeida Santos


O alferes João Machado, da 2ª. CCAV. 8423, a de
 Aldeia Viçosa, numa viagem turística às Quedas do
Duquede Bragança, em Angola e há 42 anos!
A Cimeira do Alvor começou às 11 horas de 10 de Janeiro de 1975, no algarvio Hotel Penina, e pelas bandas do Uíge, onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte - Quitexe, Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange -, levedava a expectativa sobre o que dela resultaria. Como, seguramente, por todo o território, onde milhares de combatentes esperavam pelo fim da guerra e o regresso aos seus chãos natais.
O furriel miliciano José Pires, da CCS e de Bragança,
nas Quedas do Duque de Bragança, em Angola, em 1975
A rotação para a cidade de Carmona (agora Uíge), que ficava a 40 quilómetros (curtíssima distância para a dimensão territorial angolana...), era cada vez mais murmurada na guarnição, até porque o BC12 ia ser extinto e lá se poderia sediar o BCAV. 8423. Assim se expectava sobre o futuro próximo
O BC12 (o Batalhão de Caçadores 12), recorda o Livro da Unidade, «desde 1961 guarnecera a capital do distrito do Uíge». Todavia e ainda segundo o LU, «nada de positivo se concretizou sobre tal movimento, que está esboçado, nas que aguarda ainda a sanção superior resultante de alterações que a Cimeira do Algarve possa impor». Cimeira do Algarve que era a do Alvor, bem entendido. A do Hotel Penina.
O tempo ia passando, riscavam-se os dias do calendário com frequência diária, literalmente, religiosamente, e começaram a realizar-se passeios turísticos às magníficas Quedas do Duque de Bragança. Era o lazer e o prazer a intermediar-se nas dúvidas e medos da guerra!
O Diário de Lisboa de 10 de Janeiro
de 1975 «encheu» a primeira página
 com notícias sobre a Cimeira
 Portugal/Angola

Uma boa solucão
para Angola

A Cimeira começou às 11 horas da manhã dessa quinta-feira de há 42 anos, com presidência de Costa Gomes e presença dos presidentes Agostinho Neto (do MPLA), Holden Roberto (da FNLA) e Jonas Savimbi (da UNITA).
A delegação portuguesa integrava os ministros Mário Soares (dos Negócios Estrangeiros), Melo Antunes e Almeida Santos (Coordenação Interterritorial), o brigadeiro Silva Cardoso e o tenente-coronel Gonçalves  Ribeiro (ambos do Governo de Transição de Angola), o diplomata Fernando Reino, o tenente-coronel Passos Ramos e o major Metelo (os três da Comissão Nacional de Descolonização). 
O Alto-Comissário Rosa Coutinho, afinal, não integrava a delegação mas disse aos jornalistas que, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, «o ambiente de boa cooperação existente leva a supor que a Cimeira não será muito longa».
O Presidente Costa Gomes, antes da abertura, declarou-se «muito interessado na boa solução que possamos encontrar» e manifestou a sua esperança de que a Cimeira «seja um sucesso e conduza a soluções políticas que satisfaçam todos os angolanos»
Daniel Chipenda

O dissidente Chipenda e
separatistas de Cabinda

O dia, em Kinshasa, foi tempo de um comunicado atribuído ao Gabinete Político do MPLA, atacando o Governo Português de reconhecer «a facção dissidente» chefiada pelo dr. Agostinho Neto como única representante legítima daquele movimento.
O documento considerava «ilegais as actividades da facção dissidente de Agostinho Neto» e dizia que esta posição tinha já sido transmitida a Costa Gomes - o Presidente da República de Portugal.
A autoria do comunicado, no entanto, era por várias fontes atribuída à facção dissidente de Daniel Chipenda, expulsa do MPLA mas que a Agência Noticiosa do Zaire (ZAPA) distribuíra como sendo do Gabinete Político do MPLA, precisamente na abertura da Cimeira do Alvor.
Entretanto, em Dar-es-Salan, capital da Tanzânia, a Comissão de Descolonização da OUA rejeitou um contacto da FLEC, movimento que pretendia a independência do Enclave de Cabinda. Queria apresentar o caso à Comissão - que várias horas antes tinha finalmente reconhecido a UNITA, concedendo-lhe estatuto igual ao MPLA e à FNLA.

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