CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 10 de maio de 2018

4 121 - Dia final do IAO do BCAV. 8423 em terras de Santa Margarida

O Regimento de Cavalaria 4, em primeiro plano e no Campo Militar de
Santa Margarida. O RC4 foi a unidade mobilizadora do BCAV. 8423. O IAO
decorreu entre 3 e 10 de Maio de 1974, na Mata do Soares
Viegas, Monteiro (meio encoberto) e Neto, no tempo do IAO
 em Santa Margarida. Em primeiro plano, Ferreira, de
uma outra unidade mobilizada para Angola 

A período de Instrução Altamente Ope-
racional (IAO) do BCAV. 8423 terminou a 10 de Maio de 1974, há precisamente 44 anos e pelas bandas da Mata do Soares, nos arredores do Campo Militar de San-
ta Margarida. 
O IAO tinha começado no dia 3 anterior e com as quatro Companhias dos futu-
ros Cavaleiros do Norte «já com auto-
nomia (...), com vista a pô-las a viver à
Cavaleiros do Norte no  IAO: os futuros
furriéis milicianos Letras, Louro e Costa
(de pé) e Brejo (sentado)
semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser a sua vida no ultramar». Em Angola, no nosso caso.
O PELREC «funcionava» como inimigo (o IN) das três companhias operacionais e destes dias recordo que sofri a mais violenta dor de cabeça de toda a minha vida. E, valha a verdade, nem sequer sou «utente» desta doença. Pois foi de tal forma violenta que me mandaram à enfermaria do RC4 onde, algo estranhamente, um velho médico militar me receitou massagens nas pernas. E a verdade é que as dores de cabeça passaram. Até hoje!
Outro momento que recordo foi o de termos parti-
cipado no almoço de um casamento, nesse fim fim de semana e... convidados. Vivia-se, ao tempo, a euforia do 25 de Abril e, ao verem a tropa (o PELREC) a passar, chamaram-nos para a boda, que festiva-
mente decorria ao ar livre, numa espécie de quinta. Fomos vivamente aplau-
didos, comemos e bebemos e retomámos a função de IN, depois deste insólito momento de preparação militar - dita altamente operacional.
Os então futuros furriéis milicianos Antonio
Artur Guedes, Jorge Barata (falecido a 10 de
Outubro de 1977, de doença e em Alcains) e José
José F. Melo, no RC4,  a 25 de Abril de 1974

Guerreiro de Aldeia Viçosa
trabalha e vive em Olhão !

O Guerreiro, por quem há poucos dias aqui  per-
guntámos (sem dele sabermos) e foi Cavaleiro do Norte da 2ª. CCAV. 8423, vive em Olhão, de onde é, e fez vida como pescador, mestre de uma embarcação de que é proprietário. É lá que amanhã (11 de Maio) festeja 66 anos
O furriel João Dias esteve com
 o José Guerreiro em Olhão,
no verão de 2018
O Guerreiro foi mobilizado por troca com José Luís C. Parelho, que há precisamente 44 anos, no dia 9 de Maio de 1974, foi transferido para a Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, por, e citamos a Ordem de Serviço nº. 109, do RC4 (Santa Margarida) «ter sido deferido o requerimento de troca com  o soldado Guerreiro».
O Guerreiro tinha-se apresentado na véspera, dia 8 de Maio, às 14 horas «por ter aceitado a troca com o soldado José Luís C. Pare-
lho». Integrou a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e dela saiu em data inde-
terminada, mas depois de Outubro de 1974, devido a motivos disciplinares que, no limite, o levaram a sofrer 40 dias de prisão disciplinar agravada, apli-
cados pela Região Militar de Angola - depois da pena inicial do BCAV. 8423 (10 dias, agravados para 20 dias de prisão disciplinar agravada) e pelo Comando de Sector do Uíge (30). Rodou, por isso mesmo, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, para a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Nada sabíamos dele, mas sabemos agora.
O furriel miliciano João Dias, da 1ª. CCAV. 8423, «achou-o» no Algarve, em Olhão e no ano passado, onde reside: «Disse-me que esteve em mais compa-
nhias do batalhão, para além da CCS, mas não soube concretizar. Notei-o um pouco confuso e reservado, apenas com a certeza de que a comissão em terras de Angola foi muito atribulada».
O Dias lembra, também, que «integrava a 1ª, CCAV. 8423 quando regressámos, ou pelo menos consta de uma lista que foi elaborada e distribuído um exem-
plar a todo o efectivo». Mas, afinal, não consta da lista de desembarque, em Lisboa e a 9 de Setembro de 1975, publicada na Ordem de Serviço nº. 6, de 8 de Janeiro de 1976
«Disse-me que fez vida como pescador, que foi proprietário de uma embarca-
ção, em Olhão, mas agora já com actividade reduzida, pois aguardava a re-
forma», concluiu o João Dias.
O furriel António Artur Guedes, da 2ª. CCAV. 8423, na qual o José Casimiro Rodrigues Guerreiro primeiramente esteve, de Junho a Outubro de 1974 (pelo menos) lembra-o como «um algarvio que era muito indisciplinado».
«Foi punido várias vezes, mas não e recordo das razões», acrescentou este Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, precisando, também, que «tinha alguns problemas de saúde e se previa, a esse tempo, uma intervenção cirúrgica». 
«Não sei se a tal operação se chegou a concretizar, pois saiu da Companhia», concluiu o furriel António Guedes.

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