Alferes António Garcia (ao centro) e furriel miliciano Viegas (à direita), momentos
antes da saída do Quitexe, para uma operação militar. À esquerda, está o alferes
João Sampaio, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala
João Sampaio, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala
Quitexe, 20 de Junho de 1974. O Batalhão de Cavalaria 8423 iniciou a Operação Castiço DIH, na qual «envolveu, nas suas 4 fases, todas as unidades orgânicas». Garcia, o alferes miliciano comandante do PELREC, avisou-nos (a mim e ao Neto) muito perto das 11 horas da noite, da véspera, para o início da operação - previsto para as 4 horas da madrugada. Que fossemos «falar com os rapazes!...».
Lá fomos, mas o falar foi regado a Cucas, Eka´s e Nocais, cervejas bem fresquinhas e em fartura, para desbloquear emoções. Até que foi dada ordem de dormir e, às 15 para as quatro da madrugada, ordem de «três minutos para formara na parada, com equipamento de combate». Íamos para o mato!!!
Ninguém deu passo atrás. Era a nossa «estreia» no mato, numa operação «a sério», precisamente duas semanas depois de termos chegado ao Quitexe! - a 6 de Junho de 1974.
O que ficou do edifício do Comando (a verde), depois da guerra civil (em data indeterminada). Ao fundo, vê-se a Igreja da Santa Mãe de Deus do Quitexe (seta vermelha) |
A 41ª. Companhia de Comandos «teve efeitos mais graves, pois que foi accionada uma mina AP na central do Negage, no qual um seu soldado sofreu a amputação de um pé». A 41ª. CC «retirou da ZA após escassas 18 horas de operação (...), quando deveria ser de 8 dias».
Os Cavaleiros do Norte fizeram registo histórico do «primeiro contacto com o mato e o conhecimento das reacções humanas» em operação desta natureza e grandiosidade, mas, como refere o Livro da Unidade, a expectativa «acabou até por ser defraudada».
Um ano depois, MPLA, FNLA e UNITA, reunidos no Quénia, concluíram a cimeira e, segundo o Diário de Lisboa desse dia, «abrindo a via política para fusão das bases militares e para a aproximação política dos três movimentos». A principal decisão foi fundir num só exército, de 30 000 homens, as forças militares dos três movimentos, «sendo desmobilizados e desarmados os restantes», segundo se lê no Diário de Lisboa desse dia. Ver neste link
Notícia do Diário de Lisboa, há precisamente 40 anos, sobre a Cimeira do Quénia |
Acusava o movimento de Agostinho Neto que o de Holden Roberto «aproveitou a relativa acalmia que a realização da Cimeira provocou para manobras ofensivas com as características de uma ofensiva militar conjunta e simultânea». Era tempo de paz, mas nem tanto, afinal!
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