Estádio 4 de Maio, ao tempo do Clube Recreativo do Uíge. Foi aqui que, há 40
anos, Daniel Chipenda fez um comício - o da sua visita de vários dias
a Carmona. Quase em frente, ficava o Diamante Negro.
Lembram-se?
Daniel Chipenda |
A 10 de Julho de 1975, Daniel Chipenda deslocou-se a Carmona e Uíge, numa visita que, segundo a imprensa do dia, «poderia ser significativa». A falta de pormenores, referia o Diário de Lisboa dessa tarde, devia-se ao «não funcionamento do sistema de comunicações com aquela zona. afectado desde os últimos incidentes e não mais reconstruído».
Daniel Chipenda, ao longo dos vários dias em que lá esteve, visitou várias fazendas (estava-se na altura da apanha do café) e fez um comício no campo de futebol, com segurança feita pelas NT e alguns elementos das Forças Militares Mistas. Na altura, recordemos, promovia-se a criação do Exército Unificado de Angola, com elementos dos três movimentos.
A manhã desse 10 de Julho de 1975, registou mais incidentes em Luanda, «com tiros de certa intensidade», no Bairro da Cuca e Avenida do Brasil. Já durante a noite. relata(va) o Diário de Lisboa desse dia, «já se tinha feito sentir o disparo de armas automáticas». «Este recrudescimento de violência - acrescenta(va) o vespertino da capital portuguesa - deve estar relacionado com uma forte onde de boatos que nos últimos dias tem circulado em Luanda, anunciando para muito breve o recomeço das hostilidades entre os movimentos de libertação angolanos».
A guerra de comunicados de MPLA, FNLA e UNITA também ressurgiu, com ataques recíprocos e ao Governo Provisório. O Comando Operacional de Luanda (COPLAD). por seu lado, denunciou «uma nova vaga de prisões arbitrárias operadas em Luanda, nomeadamente pelo MPLA e FNLA» e lamentava «o completo alheamento» dos acordos firmados. Entre 4 e 29 de Junho, segundo o COPLAD, «a FNLA fez 132 prisões em Luanda e 100 o MPLA». A UNITA, apenas quatro. Na semana que na véspera se concluíra, fizera 6 a FNLA, 8 o MPLA e nenhuma a UNITA.
Notícia do Diário de Lisboa de 10 de Julho de 1975. Há 40 anos! |
A FNLA já tinha libertado três oficiais do MPLA, detidos em Junho de 1973 (em Kinshasa e onde tentavam a conciliação entre os dois movimentos) e que na altura (há 41 anos) já estavam em Lusaka.
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