O BC12, em Carmona, vista aérea. O pavilhão em baixo era o da cozinha e refeitório,
a seguir as oficinas e a parada, com casernas e serviços
de ambos os lados. Ao fundo, de cobertura vermelha, o edifício do comando.
A estrada para cidade (para a direita) e o Songo (esquerda)
Quitexe, a Estrada do Café. A placa indica que Carmona (Uíge) fica a 39 quilómetros. Centenasde vezes que os Cavaleiros do Norte por aqui passaram, em 1974 e 1975 |
28 de Julho de 1975! É
domingo e, em Carmona, os Cavaleiros do Norte estão cada vez mais próximos do dia da rotação
para Luanda. Já se sabe que a CCS e a 1ª. CCAV. 8423 vão de avião, directamente
para Luanda, para o aquartelamento do Batalhão de Intendência de Angola, no
campo Militar do Grafanil.
A preparação da
gigantesca operação «não de adivinhava
fácil» e sabia-se que a 2ª. CCAV. (a de Aldeia Viçosa) e a 3ª. CCAV. 8423
(a de Santa isabel, depois do Quitexe e agora em Carmona) vão em coluna
terrestre, com apoio de uma Companhia de Comandos e outra de
Paraquedistas.
A FNLA «reina» no Uíge
e repete embaraços às NT «perigosamente
alvo das queixas e ataques da FNLA, nomeadamente reivindicando os
desequilíbrios de outros locais», como se lê no Livro da Unidade. O
ambiente é pesado e os Cavaleiros do Norte, com instruções operacionais
rigorosas, tudo vão suportando, com rigor, com coragem, sacrifício e dor.
A mesma FNLA, no
Caxito, continua sem avançar sobre Luanda, «apesar
das sucessivas ameaças». Na verdade, lê-se no Diário de Lisboa desse dia, «o MPLA organizou um cerco às forças da FNLA
e começou a sabotar pontes». A de Porto Quiri já estava cortada pelas
FAPLA´s e o MPLA «iniciou a concentração
de forças para desencadear um ataque à FNLA», admitindo-se que fosse «utilizar artilharia e mísseis terra-ar».
Notícia do Diário de Lisboa de 29 de Julho de 1974, há 41 anos, sobre a cimeira e acordo do MPLA com a FNLA |
Assim ia, há 40 anos, o
processo de independência de Angola.
Um ano antes, em Bukavu, no Zaire, MPLA e FNLA (sem a UNITA) «concordaram em estabelecer uma frente comum
para negociar com Portugal a independência de Angola». O acordo foi
assinado depois de dois dias de conversações e entraria em vigor logo depois do
congresso do MPLA, dias depois. O presidente Agostinho neto foi «violentamente criticado durante a cimeira»
e o Diário de Lisboa de 29 de Julho de 1974 admita mesmo que se teria demitido.
Este facto, todavia, «não foi
oficialmente confirmado».
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