O edifício do antigo Comando do Sector do Uíge (CSU) e da Zona Militar
Norte (ZMN), agora Órgão de Justiça Militar (OJM) das Forças Armadas
de Angola (foto da net)
Norte (ZMN), agora Órgão de Justiça Militar (OJM) das Forças Armadas
de Angola (foto da net)
Holden Roberto, presidente da FNLA, a 32 quilómetros de Luanda |
A 29 de Julho de 1975, relatos de viajantes do Uíge, chegados a Luanda, davam conta de que «40 pessoas morrem diariamente de fome». Ao tempo, não tivemos por lá conhecimento de tal e muito menos com esta dimensão. Mas o Diário de Lisboa, de que nos socorremos, também dá conta da chegada ao Uíge, a esse tempo, de mais de 300 000 angolanos até aí refugiados no Zaire, durante a guerra da independência.
«A escassez de alimentação tornou-se desesperada (...). Ao mesmo tempo» - reporta(va) o DL -, «continuam a afluir ao distrito os refugiados de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates que opuseram estes dois movimentos» - o MPLA e a FNLA.
Notícia do Diário de Lisboa de 29 de Julho de 1975. O presidente do MPLA sugeria a retirada das tropas portuguesas |
No mesmo dia, o presidente do MPLA sugeriu que «os militares portugueses deveriam abandonar imediatamente no território angolano». Agostinho Neto reagia assim aos incidentes de Vila Alice e afirmou que o seu movimento «perdeu alguns dos seus melhores quadros políticos». E exigiu, também, «a imediata retirada do Alto Comissário português».
Soube-se na mesma data que Holden Roberto, o presidente da FNLA, estava em Ambrizete, onde, segundo o Diário de Lisboa desse dia, se situava «a sede provisória do Estado Maior do ELNA» - Exército de Libertação Nacional de Angola, o braço armado da FNLA. O ELNA «mantinha inúmeros postos de controlo entre Ambrizete e Caxito» e, aqui, a um dezena de quilómetros, «as FAPLA dinamitaram uma pequena ponte».
Era de lá, de Ambrizete, que Holden Roberto dizia à AFP pensar que, e cito, «a situação vai evoluir nos próximos dias». Depois do Caxito, acrescentou o presidnete da FNLA, «devemos preparar-nos para um novo assalto, tanto mais que , neste momentos, nos encontramos apenas a alguns quilómetros de Luanda e posso garantir-vos que tudo se fará para que este ataque tenha êxito».
Holden Roberto acusava o MPLA «ter violado todos os inúmeros acordos» e, por isso mesmo,acrescentava, «não queremos voltar a ser enganados... portanto devemos avançar».
Preparava-se o cerco a Luanda!
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