Parada do BC 12, num dos dias difíceis de Carmona, em 1975. Muitos refugiados foram então apoiados pelos Cavaleiros do Norte |
Diário de Lisboa. A 1ª. página da edição de 14 de Julho de 1975, há 40 anos!!!, sobre os incidentes de Luanda e expulsão da FNLA, pelo MPLA |
A Fazenda Rio Duízo, nos arredores do Quitexe, recebeu uma delegação dos Cavaleiros do Norte a 14 de Julho de 1974. O comandante Almeida e Brito fez-se acompanhar das autoridades administrativas e eclesiásticas da vila quitexana e lá deu esclarecimentos sobre a situação política e militar decorrente do 25 de Abril.
Era domingo e, em Luanda, a população dos musseques preparava uma greve, em luto pelas vítimas do Bairro Cazenga. Preparava-se para, no dia seguinte, segunda-feira, não comparecer ao trabalho e «vivia-se um clima de instabilidade, registando-se alguns pequenos incidentes, sem consequências graves».
Quartel do Negage, onde estava a CCAÇ. 4741/74. Foi cercado pela FNLA a 13 de Julho de 1975. Queria armas |
O dia 13 de Julho de 1975 foi também de comício da FNLA e do ELNA (o seu exército) e do primeiro impedimento da saída dos MVL para Luanda. O dia seguinte (14 de Julho, hoje se fazem 40 anos) foi de «constante afluxo de refugiados da FNLA a Carmona».
«Havia que encontrar uma opção para os dias futuros. Ficar em Carmona, com o total descrédito das NT e perigosamente alvo das queixas e ataques da FNLA, nomeadamente reivindicando o desequilíbrio doutros locais, ou sair, antecipando o regresso a Luanda, num salvar de face e tentando evitar males futuros», reflectia o comandante Almeida e Brito, como se lê no Livro da Unidade.
Dias difíceis se viviam em Carmona e região, ante as ameaças e actos da FNLA e do seu Exército Nacional de Libertação de Angola - o ELNA. Em Luanda, o MPLA «correra» com a FNLA e dominava a situação - o que, conjugado com muitos outros factores (muitos deles desconhecidos, ao tempo), nomeadamente a conquista e domínio militar de outras regiões, fazia admitir, como relatava o Diário de Lisboa desse dia, «colocar em risco algumas unidades portuguesas estacionadas, nomeadamente no Uíge, com efectivos relativamente pequenos, no caso de virem a ser acusados de darem apoio ao MPLA - como de resto, já tem sido feito».
Bem sentimos, na pele e na alma, as dores desses difíceis e arriscados tempos!
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