Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, 2ª. CCAV. 8423: os furriéis milicianos
António Rebelo (transmissões), Amorim Martins (mecânico), Abel Mourato
(vagomestre) e Mário Matos (atirador de Cavalaria)
O alferes miliciano João Machado (ao centro), com os furriéis milicianos António Carlos Letras e José Fernando Melo, Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, que há 41 anos receberam o comandante Almeida e Brito |
Aos 24 dias de Outubro de 1974, o comandante Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz.
O objectivo era estabelecer «contactos operacionais», numa altura em que começava a murmurar-se, entre a guarnição, a probabilidade de o BCAV. 8423 ir rodar. O que significava, para nós, a probabilidade de anteciparmos o regresso a Portugal. Seria apenas em Setembro de 1975, 11 meses depois...
Ao mesmo tempo, 24 de Outubro de 1975 e depois de assinar o cessar fogo, Agostinho Neto, presidente do MPLA afirmava-se disposto a integrar o Governo de Transição de Angola - posição que UNITA e FNLA já tinham assumido. Era um tempo de esperança!
Há 41 anos, o MPLA assinou o cessar fogo e, segundo o Diário de Lisboa de 24 de Outubro de 1974, preparava «a consolidação da paz» em Angola |
Piores, muito piores, estavam as coisas um ano depois, já com os Cavaleiros do Norte em Portugal. Estávamos a 17 dias de independência e o Diário de Lisboa titulava: «Situação grave em Angola». E qual era a situação? Um comunicado do MPLA, que controlava a capital e a maior parte do território, frisava que «Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo, a qual de processa em várias frentes».
O comunicado foi lido por José Van Dunnem, aos microfones da Emissora Oficial de Angola, e mobilizava «todos os homens, entre os 18 e os 35 anos», não para a frente de combate «sem instrução», porque «os efectivos regulares do MPLA são suficientes para as necessidades imediatas», mas para «constituir uma força militar mais ampla, face à invasão do território».
Há 40 anos, noticiava o Diário de Lisboa: «Situação grave em Angola». Estava-se a 17 dias do do dia da declaração de independência |
A situação no Caxito tinha sido de «intenso duelo de artilharia» na véspera, mantendo-se mais ou menos as mesmas posições de MPLA e FNLA. O MPLA «conserva(va) a cintura defensiva em torno de Luanda» e, segundo o seu Comité Central, «prepara o contra-ataque». No momento, segundo o despacho do Diário de Luanda para o Diário de Lisboa, «os combates desenrolam-se na zona do Quifandongo/Salassembas, Porto Quipiri e Morro da Cal». Ainda na área de Luanda, o MPLA anunciou «a libertação das áreas do Quizondo e Zemba, de onde os mercenários da FNLA foram expulsos».
A situação na Frente Sul, «pressionada pelas forças invasoras, constituídas por mercenários recrutados na África do Sul, pelo traidor Daniel Chipenda e por forças regulares daquela país, mantém-se grave», como relatava o jornal, frisando que «os agressores ultrapassaram já Chíbia (antiga General João de Almeida) e aproximam-se de Sá da Bandeira».
As FAPLA, segundo o Diário de Lisboa, «efectuaram um recuo estratégico para garantirem a defesa da cidade» e os dirigentes do MPLA opinavam que «este avanço sobre Sá da Bandeira poderá vir a transformar-se numa imensa ratoeira para os agressores, que poderão ser cercados e privados das suas fontes de reabastecimento, que residem totalmente em território administrado pela África do Sul, na Namíbia».
Do Norte, do Uíge, não havia notícias na imprensa de 24 de Outubro de 1975. Há 40 anos!
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