CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 13 de julho de 2020

5 117 - O padre capelão alferes José Ferreira de Almeida!

O antigo capelão militar José Ferreira
 de Almeida nos anos 1978/79 do Século
XX, já depois da sua jornada
africana do Uíge angolano
BCAV. 8423

O padre capelão José Ferreira de Almeida, alferes miliciano dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, faria 76 anos a 13 de Julho de 2020, mas faleceu, de doença cancerosa, a 2 de Março de 1995, aos 50 anos e quando era professor em Viseu.
Natural de Vila, lugar da freguesia de Silvã de Cima, no município de Sátão, onde nasceu a 13 de Julho de 1944, era filho do segundo casamento de Firmino Seixas de Almeida, viúvo, e de Maria do Carmo Ferreira. Foi ordenado sacerdote católico a 23 de Julho de 1967, aos 22 anos e por D. José Pedro da Silva, ao tempo Bispo da Diocese de Viseu.
Oficial miliciano com a patente de alferes, foi capelão militar de várias unidades que serviram no norte de Angola e, a partir de Junho de 1974, do BCAV. 8423, sediado no Quitexe, até Dezembro do mesmo ano, quando, em final de comissão, regressou a Portugal.
AQUI o recordámos a 27 de Dezembro de 2017, evocando o seu recato e de ser  relativamente jovem, talvez na casa dos 30 anos. E de muitas vezes o observarmos em conversas com os jovens Cavaleiros do Norte, principalmente com os praças. Estávamos certos: tinha mesmo 30 anos.
A torre da Igreja de Santa Maria de
Deus do Quitexe, vendo-se a vila em fundo

Conforto psicológico,
 moral e religioso

As suas estadias no Quitexe eram alternadas com as três companhias operacionais do BCAV. 8423 - as de Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, já capelão de outras, antecessoras, as do BCAÇ 4211.
O alferes capelão José Ferreira de Almeida, no exercício da sua capelania militar, foi conforto psicológico e moral para muitos Cavaleiros do Norte que na fé procuravam respostas para as suas dúvidas e desassossegos. Muitas vezes o vimos na avenida do Quitexe, e na parada do quartel, fosse onde calhasse, a conversar com os rapazes da CCS.
Regressado a Portugal, no final da sua jornada africana do Uíge angolano, viria a abandonar o sacerdócio em 1978/1979 e  casar em 1992 com Conceição Isabel Rodrigues da Silva, depois Conceição Isabel Rodrigues da Silva Ferreira de Almeida, que era técnica administrativa do Centro de Saúde de Viseu e agora tem 71 anos. Depois de um longo processo canónico.
Os caminhos da vida levaram a que enveredasse pelo ensino, tendo sido professor de Português em várias escolas do distrito de Viseu, cidade onde sempre viveu e onde está sepultado.
Faleceu quando se preparava para iniciar o doutoramento e foi sempre muito apaixonado pelo estudo da literatura, especialmente Aquilino Ribeiro e Miguel Torga, que, ironicamente, conheceu no IPO de Coimbra, quando ambos estavam às portas da morte.
A Igreja do Quitexe  e o
furriel Viegas a 24/09/2019

O capelão que
chegou a capitão!

David José da Silva Ferreira de Almeida é filho de José Ferreira de Almeida e quadro superior da Direcção Geral de Cultura do Norte, na cidade do Porto, onde reside.
Falou-nos dele: «Lembro-me da minha Mãe dizer que o cantor Nuno da Câmara Pereira tinha cumprido o serviço militar com o meu Pai em Angola, mas não sei onde nem quando», acrescentando também se recordar de o pai «ter contado (divertido) que tinha ido ao DRM de Viseu e lhe terem anunciado que era capitão».
A situação teria a ver, naturalmente, com a sua passagem à reserva: «Julgo que teve a ver com isso e com alguma graduação final», comentou David Ferreira, fazendo memória de seu Pai e nosso capelão militar pelas terras nortenhas de Angola.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!
Os furriéis milicianos Monteiro e
 Peixoto na messe do Montanha Pinto

Cerco ao quartel
da CCAÇ. 4741/74!


Ao tempo de há 45 anos, os desaires militares da FNLA em Luanda, Salazar (N´Dalantado) e Malanje «ressacaram» em Carmona e, num comício de 13 de Julho de 1975, os seus dirigentes não se apoucaram na afronta às NT - com afirmações muito polémicas, e injustas, e veladas afrontas e ameaças. 
A «permanente situação de prevenção simples» decretada na véspera, estava  justificava, fazendo aumentar - noite e dia, dia e noite... - os patrulhamentos na malha urbana e principais itinerários de acesso à cidade e, quando necessárias, a musculadas intervenções das FA Portuguesas para impedir abusos das forças da FNLA - e do seu Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA). Para manter a tranquilidade e a ordem, a segurança de pessoas e bens!
A situação mais grave, nesse dia de há 45 anos, aconteceu no Negage, a uns 40 quilómetros de Carmona, onde chegaram a cercar o quartel da CCAÇ. 4741/74, exigindo armas. 
A CCAÇ. 4741/74 era comandada pelo capitão Fernando Abel Azambuja Vidigal (que atingiu a patente de coronel) e estava, desde 17 de Março de 1975, operacionalmente dependente do BCAV. 8423 e do comando do tenente-coronel Almeida e Brito. Até aí, passara por Santa Cruz, junto à fronteira, e mudara para Sanza Pombo, antes de chegar ao Negage.
Era essencialmente formada por militares açorianos e por lá tinha passado o furriel João  Peixoto, mais tarde Cavaleiro do Norte da CCS e a este tempo (Julho de 1975) já em Cabinda. 
Outro momento de tensão foi o do impedimento de saída de uma coluna, um MVL, para Luanda - o que se repetiria a 21 de Julho seguinte e levou os Cavaleiros do Norte a assumirem posição de força na reunião de comandos militares do dia 23, em Carmona. O tempo não era de brincadeira. Em jogo, estavam as vidas de milhares de pessoas.
Furriéis Carlos Letras
e António Chitas
da 2ª. CCAV. 8423

Alferes Meneses Alves
d 2ª. CCAV. 8423

O dia 13 de Julho
em 1973 e 1974 

A memória dos Cavaleiros do Norte regista mais dois acontecimentos que, em anos diferentes, tem a ver com o dia 13 de Julho e o BCAV. 8423.

Outros haverá, mas lembramos estes:
1 - 1973: Chegada dos futuros alferes Manuel Meneses Alves e furriel António Carlos Dias Letras ao Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego, para frequentarem o respectivo curso. Ambos milicianos, em datas diferentes de chegada seriam Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. O alferes Meneses Alves em Fevereiro de 1975, o furriel Carlos Letras desde a formação do BCAV. 8423, em Santa Margarida.
2 - 1974: Reunião do comandante Carlos Almeida e Brito com autoridades tradicionais da região e, seguidamente, com «os comerciantes e elevado número de fazendeiros». No Clube do Quitexe e no seguimento do plano de «mentalização das populações».
Os 1ºs. cabos Breda, condutor,
e Victor Vieira, o sacristão

Vieira, o Sacristão, 68
anos na Vidigueira !

O 1º. cabo Victor Manuel da Cunha Vieira, da CCS, festeja 68 anos a 13 de Julho de 2020.
Auxiliar de serviços religiosos (sacristão) de especialidade militar, também quarteleiro de material e eleito da Comissão do MFA, foi louvado pela «maior boa vontade, dedicação e honestidade» com que exerceu as suas funções, também «voluntarioso e conhecedor das realidades presentes (...), sabendo ser, simultâneamente, um bom camarada».
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e fixou-se na alentejana Vidigueira, onde nasceu e trabalhou na área da restauração e agora goza as delícias e o sossego da aposentação. Parabéns, pá!!

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