O 1º. cabo Fernando Soares e os soldados Dionísio Baptista e João Marcos na entrada do avião que os levou de Carmona para Luanda, há precisamente 45 anos. E armados, para o que desse e viesse... |
O dia 3 de Agosto de 1975, há 45 anos, foi um domingo e dia do adeus dos Cavaleiros do Norte da CCS e da 1ª. CCAV. 8423 a Carmona.
Muitos militares destas duas companhias não «pregaram olho» e cedo se avolumaram malas e sacos com haveres pessoais, carreados para as Berliets que os levaram ao aeroporto da cidade, a capital do Uíge. De lá, um DC6 e 2 Noratlas, «em duas levas», os transportaram para Luanda.
Aqui, em outras Berliets e atafulhados como gado, seguiram para o Campo Militar do Grafanil, onde literalmente foram «despejados» no quartel do já então extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA). Que estava em estado miserável estado.
Comer, não havia e nos quartéis vizinhos do BIA nada havia também.
A «ordem» foi o desenrasca e, para alguns furriéis, a sugestão foi ir à messe de Luanda, na Avenida dos Combatentes. Lá fomos, à sorte! Mas com sorte, pois, embora «vistos» como «extra-terrestres», lá comemos, já perto das 3 da tarde. «Vocês é que são do Batalhão de Carmona?», éramos inquiridos, de forma desconfiada e estranha, como se fossemos de outro mundo. Lá tinha chegado a «fama» da acção dos Cavaleiros do Norte no Uíge.
Cavaleiros de Zalala, todos milicianos: alferes Lains dos Santos e Mário Sousa e furriéis Jorge Barreto, Jorge Barreto, Jorge Barata, José Nascimento, Américo Rodrigues e José Louro |
Recolher obrigatório
e tiros em Luanda
A cidade luandina pareceu-nos estranhamento tranquila, sem grande movimento.
Era o princípio de uma tarde de domingo, um domingo muito quente, de sol a despejar-se sobre a cidade, mas uma cidade surpreendentemente muito sossegada.
Um comunicado da 5ª. Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas Portuguesa, às 19 horas desse dia, referia que «a situação não evoluiu nas últimas 24 horas» e sublinhava que «em Luanda e arredores, nomeadamente no Caxito, a situação mantém-se absolutamente estacionária».
A imprensa do dia, no entanto, aludia que «estado psicológico das populações, branca e negra, é francamente mau». Falava-se em 250 000 portugueses que iriam abandonar Angola e, já durante a noite, «foi escutado imenso tiroteio em pleno centro de Luanda». Por volta das 22 horas.
O recolher obrigatório estava fixado nas 21 horas, o que também era surpresa para os Cavaleiros do Norte, e «a polícia e o Exército portugueses cercaram imediatamente o bairro de onde provinham os tiros», mas não houve qualquer prisão. Era a primeira vez que se ouviam tiros depois do recolher obrigatório.
Gabriel Duarte Silvestre |
Gabriel Silvestre de Aldeia
Viçosa, 68 anos em Abrantes!
O soldado Gabriel Duarte Silvestre, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 68 anos a 3 de Agosto de 2020.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e natural do lugar de Lagarinho, da freguesia e concelho de Abrantes, lá regressou a 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão africana do Uíge, pelo norte de Angola.
Por lá faz vida, morando agora em Vale da Horta, freguesia da Bemposta, também em Abrantes. É para lá para ele que vai o nosso abraço de parabéns!
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