CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

5 242 - O avanço das FAPLA do MPLA pela Estrada do café e até ao Uíge...

A parada do BCAV. 8423 em modos de 24 de Setembro de 2019. Já nada existe do tempo
dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. Os pavilhões à direita são uma escola. Ao fundo,
a Igreja de Santa Maria de Deus. O separador da estrada ainda é o mesmo
Avenida do Quitexe, a 24 de Setembro de 2019.
O que «sobra» do edifício do Comando


O dia 9 de Novembro de 1974 foi um sábado. No Quitexe, a guarnição dos Cavaleiro do Norte - a CCS e o Pelotão de Morteiros 4281 - manteve «a actividade desenvolvida do antecedente», como se lê no livro «História da Unidade». 
O mesmo acontecia nas outras sub-unidades, em Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, onde estavam aquarteladas as companhias comandadas pelos capitães milicianos Castro Dias (a 1ª. CCAV. 8423), José Manuel Cruz (2ª.) e José Paulo Fernandes (3ª.), respectivamente. 
Os zalala´s, porém, já preparavam malas para a rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange. Na véspera, os Caçadores da 209 tinham abandonado o Liberato.
A «apeótica recepção ao MPLA» em Luanda, na véspera, deu lugar a um encontro de Lúcio Lara (o chefe da delegação), nessa manhã, com a Junta Governativa de Angola, presidida pelo almirante Rosa Coutinho. E foi anunciado que Lara daria uma conferência de imprensa na segunda-feira (dia 11). A imprensa falava das 50 000 pessoas que tinham aclamado os dirigentes do movimento de Agostinho Neto (em conflito com Daniel Chipenda). Lara era a cara desse movimento, que durante quase 14 anos combatera as forças armadas portuguesas.
São conhecidos novos problemas em Cabinda, onde a FLEC conquista o Morro de Salço Bendje, junto ao Massabi, reforçada com desertores das tropas especiais e mercenários franceses, comandados por Jean Eugéne Kay. O combate provocou dois mortos e a prisão de 16 militares da guarnição. Reféns, ficaram 7 polícias e 6 civis.
Um dia, mais um dia para o parto da nova nação que, um ano depois (ver a seguir) estava em véspera de concretizar a independência.

A Estrada do  Café, a 25 de Setembro de 2019,
na entrada do Quitexe do lado de Carmona

Avanço do MPLA
pela Estrada do Café

A 9 de Novembro de 1975, um domingo de há 45 anos, estava-se na antevéspera da independência de Angola (às 00,00 horas do dia 11 de Novembro) e sabiam-se notícias do «avanço das FAPLA pela Estrada do Café» - a estrada entre Luanda e o nosso Quitexe, Carmona, Aldeia Viçosa e Vista Alegre, as terras dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
A imprensa noticiava, também, o «aumento da pressão da frente do Caxito, por parte dos mercenários portugueses e zairenses e da FNLA», como relatava o Diário de Lisboa do dia 10.
A sul, ainda segundo o DL (citando a France Press e a Reuters) registava-se «a entrada dos mercenários no Lobito, comandados por um oficial sul-africano e pelo coronel Alves Cardoso, elemento conhecido pelas suas ligações com Jorge Jardim e Spínola». Esta entrada, e continuamos a citar o DL, «representa uma tentativa para estabelecer contacto com a Frente Norte, chefiada pelo tenente-coronel Santos e Castro».
Tentativa estratégica que, frisava o jornal vespertino de Lisboa, «tem falhado, face à resistência oferecida pelas FAPLA» - o exército do MPLA.
 O jornal dava conta, ainda, de que «este avanço, a sul, é acompanhado de sucessivas proclamações da Rádio Lubango (ex-Sá da Bandeira), que lança vivas à «Angola Portuguesa» e «morras» à UNITA, FNLA e MPLA», o que, sublinhava o Diário de Lisboa, «marca a verdadeira face racista desta invasão a partir da África do Sul».
Coluna da CCAÇ. 2019/RI 21
nas picadas do Uíge e em 1974

A guarnição da CCAÇ. 209,
da Fazenda do Liberato 

Ontem, já aqui demos conta que a CCAÇ. 201/RI 21, a do Liberato, era comandada pelo capitão Victor Correia, de quem sabíamos o nome pela memória do (furriel miliciano vagomestre) José Oliveira. 
Um providencial contacto de Olímpio Carvalho, que por lá foi 1º. cabo de transmissões, permacrescentar mais dados.
- VICTOR. Victor Corrêa de Almeida, capitão miliciano, comandante da Companhia. Substituiu o capitão Parracho, que era do Quadro Permanente (QP) e estava colocado no RI 1, de Nova Lisboa.
- SERENO: José Adalberto Sereno de Castro e Melo, alferes miliciano. De família de Águeda, licenciou-se em engenharia química e morava em Nova Lisboa. Agora, na zona de Viseu.
- PEIXINHO: José Carlos Peixinho, alferes miliciano e engenheiro mecânico, era do Lobito.
- PEREIRA. Nelson Pereira, alferes miliciano, era de Sá da Bandeira.
- SPOSSEL. Carlos Manuel Morbey de Oliveira Spossel. Morava em Luanda. A mãe era americana e o pai quadro superior dos caminhos de ferro.
Olímpio Carvalho foi 1º. cabo de transmissões e é bancário aposentado. Europeu, foi para Angola aos 4 anos e por lá ficou até 1979, já como empregado bancário, no Banco Totta. Mora em Mirandela.
O Cabrita ao balcão do bar de
sargentos de Carmona e em 1975

Cabrita, da CCS, 68
anos em Cascais !

O soldado António Santa Cabrita, da CCS do BCAV. 8423, festeja 68 anos a 10 de Novembro de 2020 e em Cascais.
Cavaleiro do Norte dos mais humildes e sempre disponível, foi (é) figura inesquecível da nossa jornada africana do Uíge angolano, tendo regressado a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à sua algarvia terra do Alvor, perto de Portimão e onde vivia e constituiu família.
Fez vida profissional na área das pescas de mar, chegou a ser «patrão» de barco próprio, e, agora já aposentado, mora em Cascais, para onde vai o nosso abraço de parabéns!   

Sem comentários:

Enviar um comentário