Fachada principal do BC12, vista do lado de Carmona (em cima)
Era eu, claro, e rapidamente trocámos impressões sobre o que se passava em Luanda, para onde partiríamos daí a dois dias! «Es-es-es-estááááá´... uma mer...mer...mer...», disse ele, já caminho do bar.
Não sabíamos então, mas sabemos agora: na véspera, tinham eclodido violentas confrontações entre o MPLA e a FNLA, em Porto Amboim, no Quanza Sul, porto de pesca a 400 quilómetros de Luanda, com armamento pesado e população em pânico - parte dela evacuada para o Lobito, no navio «Sofala». A 30, fôra em Novo Redondo - por onde eu passara em Setembro de 1974. Em Malanje, as 6 mil pessoas que se tinham refugiado nos quartéis portugueses, eram evacuadas para o sul de Angola, em comboios de 50 viaturas, escoltados pelas NT, durante 10 quilómetros. Por Luanda e Caxito, de que ontem falámos, «a situação era estacionária».
Na capital, continuava, porém, o exôdo dos civis: 4 aviões da TAP e um americano levaram mais de 2000 pessoas para Lisboa. A Luanda, chegavam milhares de cidadãos, idos das cidades e vilas do interior. Os consulados francês, italiano, belga e alemão aconselhavam os seus compatriotas a irem embora e reduziram o seu pessoal, embora continuando abertos. Saurimo, na Lunda, foi palco de graves confrontações entre o MPLA e a UNITA.
As NT, em Carmona, resistiam às provocações e exigências da FNLA e ouviam lancinantes e dramáticos apelos da população civil. Que se sentia «insegura, descrente e receosa de quaisquer represálias», como se lê no Livro da Unidade. E queriam integrar a coluna que se preparava.
A dois dias, isto, do início da retirada dos Cavaleiros do Norte, a última unidade militar portuguesa no chão angolano do Uíge. O dia 1 de Agosto era também o de aniversário de minha irmã mais velha, a Ana Maria - que daí a dias seria mãe do seu segundo filho (a Marta), meu terceiro sobrinho.
Dados recolhidos do Diário de Lisboa
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