Emblema do Batalhão de Intendência, no Grafanil (em cima), e monumento ao Soldado Português, no mesmo campo militar dos arredores de Luanda (em baixo). Fotos de Jorge Oliveira
Luanda, 7 de Agosto de 1975. É uma 5ª.-feira e, chegados na véspera, os Cavaleiros do Norte tinham já dormido sobre o cansaço e «assentado» no Batalhão de Intendência que, como melhor se pôde, foi higienizado por quem lá chegou a 3, domingo anterior.
«O sítio onde era o refeitório, com restos da última refeição de quem de lá tinha partido. Cozinharam, comeram e depois f..., nós vamos para o puto, quem vier que lave a loiça. Tinha de ser limpo e foi o que fizemos, pois iria continuar a ser o refeitório», relata o Rodrigues, lembrando a nossa chegada ao Grafanil - no dia 3 de Agosto. Para dar ideia de como estavam as instalações, limpas entre os dias 4 e 5.
«Atrelados de unimogs foram carregados à pá, com o lixo todo que lá ficou, até cogumelos já tinham nascido nos restos da comida», evoca o Rodrigues, considerando que tal «hoje, seria considerada uma horta biológica», mas que «limpar aquilo tudo, lavar tachos e panelas, pratos e companhia limitada, foi trabalho que não podíamos deixar de fazer».
Os Cavaleiros do Norte da coluna de Carmona chegaram a 6 de Agosto e «aquilo já estava em condições de o pessoal comer, embora a comida fosse pouca, limitada ao que tínhamos», como lembra o Rodrigues e eu confirmo.
Ninguém comeu ração de combate - a pior coisa que lhes poderia acontecer, depois dos quase três dias de coluna. «Penso que, mesmo no centro de Luanda, a comida era restrita», relata o Rodrigues. Era mesmo.
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