Fila para comprar bilhetes na TAP em Luanda (Foto
de «A Vertigem da Descolonização», do general Gonçalves Ribeiro
de «A Vertigem da Descolonização», do general Gonçalves Ribeiro
Foi o primeiro dos muitos problemas que a coluna militar dos Cavaleiros do Norte viria a ter, até às 12,45 horas de 6 de Agosto, quando chegou ao Grafanil - felizmente sem baixas. Já por aqui, em postagens destas datas de anos anteriores, reportámos essa epopeia.
A CCS e a 1ª. CCAV., no Grafanil, faziam a limpeza dos espaço reservado ao BCAV. 8423 - o do Batalhão de Intendência. Passando na cidade, eram notóriaS as bichas, de centenas de metros e à porta das agências de viagem, à procura de bilhetes para Lisboa.
«Milhares de colonos portugueses manifestaram-se hoje na capital angolana, pedindo o aceleramento da ponte aérea, que deve a evacuar para Lisboa até 300 000 brancos, antes da independência», noticiava o Diário de Lisboa de 5 de Agosto, reportando-se à véspera.
Nesta, ainda segundo o DL, «3000 a 4000 colonos concentraram-se num bairro residencial, empunhando cartazes em que se lia «povo americano, povo inglês, queremos ir embora». Depois, acrescenta o jornal, «a maior parte deles desfilou até ao consulado dos Estados Unidos, onde uma delegação solicitou auxílio para o seu repatriamento».
A France Press, por seu lado, dá conta (no mesmo dia) que «segundo números oficiais, será preciso evacuar mais de 500 000 pessoas» e assinala contactos dos populares também com os consulados de França, Itália, Bélgica e Brasil.
O recolher obrigatório mantinha-se na cidade, a partir das 21 horas e, segundo a Comissão Coordenadora do MFA, em Luanda, as patrulhas portuguesas dispararam sobre viaturas que não pararam nas barreiras de controle. Uma patrulha portuguesa foi alvejada.
Silva Cardoso, chamado Lisboa, afirmou que «já não acredito nos homens, principalmente nos políticos».
"Estou cansado da mentira, das falsas promessas, das atitudes de fachada. Venho cansado da miséria, de ver a miséria, de ver o ódio. Cansado de ver o desespero. Venho cansado do egoísmo, da crueldade e da ambição desmedida», disse o alto-comissário.
Otelo Saraiva de Carvalho, também de regresso a Lisboa, apontava o capitalismo como o grande inimigo de Angola e da revolução portuguesa. «Portugal ainda pode vir a sofrer o ataque cerrado à revolução e ao MFA, que o capitalismo internacional está a desencadear em Angola, que está já a sofrer e a sofrer com amargura», disse Otelo Saraiva de Carvalho, há precisamente 38 anos. Ele, a a falar em Lisboa e os Cavaleiros do Norte na epopeica marcha para Luanda.
Ver AQUI e postagens seguintes
O Bcav 8423 e seus aliados, foram uns grandes herois. Sugestão: a RTP podia fazer uma série, relatando os ultimos dias das tropas portuguesas, tal como fez "O Ultimo Adeus" relatando as aventuras dos civis, que algumas, francamente, não mereciam tanto destaque, penso eu...
ResponderEliminarRodolfo Tomás
Amigo Rodolfo Tomás,
ResponderEliminareu sou de Carmona e era civil, quanto aos militares do Quitexe nada tenho a dizer, agora em relação à companhia de comandos que por lá apareceu, esses ficaram muito mal na fotografia. Só mais uma coisa na celebre coluna de Carmona para Luanda onde os civis também estavam, quando chegaram ao Negage os comandantes da FNLA não deixaram passar os civis, quem safou a malta civil foi a companhia de paraquedistas que nunca nos abandonaram.....
Fernando Antunes Vieira
A companhia de paraquedistas era quem fechava a coluna, logo não poderia deixar ninguém para trás. Era essa a sua missão na coluna. A missão dos grupos militares estava perfeitamente definida. Companhia de Comandos a abrir e Cª de Paraquedistas a fechar. 2ª e 3ª Cªs do BCAV 8423 distribuidos estrategicamente pela coluna. O comando pertencia ao Cmt do BCAV 8423 e,certamente, dada a envergadura e sensibilidade da operação em curso, a coordenação foi eficaz, pois chegámos todos a bom porto. Julgo que não devemos misturar o que se passou na cidade, em Carmona, pois eu também retenho algumas imagens menos próprias, com o decurso da operação Carmona/Luanda. Operação cheia de riscos, muitas contrariedades, mas resolvida com êxito. E quero aqui frisar que qualquer negociação, se é que assim podemos designar os diálogos que aconteceram ao longo do percurso com as várias forças dos movimentos, tiveram sempre a intervenção do Cmdt do BCAV 8423, comandante e responsável pela coluna. A última decisão seria sempre sua. Todos sabemos em que mares navegavam as forças militares, na altura. Mas este Batalhão de Cavalaria, graças a um brilhante exercício de Comando, manteve-se sempre coeso e disciplinado e, consequentemente, firme e hirto. Deu provas disso no terreno. Mesmo nos momentos em que se esqueceram que aquela força militar se encontrava no norte de Angola.
ResponderEliminarFernando Antunes Vieira,
ResponderEliminarcom todo o respeito lhe digo: os comandos nada fizeram mas o batalhão de Cavalaria sofreu muito até chegar a Luanda ,para que os civis chegassem a Luanda com vida e saúde.
Eu fui um dos elementos que posso dizer, que sofri para que os civis que me acompanharam não sofressem aquilo que senti no momento da verdade.
Tanto eu como os civis GRAÇAS ADEUS chegamos todos com vida e saúde,mas todos nervosos.
Um abraço para todos os militares que me acompanharam nessa dita coluna militar,
possivelmente uma das maiores a nível mundial.
Alfredo Coelho (buraquinho).
Relativamente aos militares que estavam no distrito do Uíge nada tenho a apontar, refiro-me ao exercito e força aérea.
ResponderEliminarQuando aos comandos sei, segundo me disseram, que foi uma companhia vinda de Moçambique e só fizeram porcaria em Carmona.
Já passaram muitos anos e na altura eu tinha 21 anos, sei que, segundo me lembro, que os paraquedistas é que ficaram no Negage até ás 17.00 horas mais ou menos, hora essa que a FNLA nos deixou passar. Foi uma época muito complicada tanto para civis como para militares
Para não haver equívocos, não estou de modo algum contra os militares do Quitexe nem contra os do BC12, estou sim contra a companhia de Comandos que andaram agredir os civis na cidade de Carmona e por causa deles ouve uma greve para que fossem afastados da cidade e foram para longe da cidade, já não me lembro para onde e só voltaram aparecer no dia da celebre coluna militar que partiu da rotunda do BC12....um abraço a todos os militares que estiveram no Uíge......
Fernando Antunes Vieira
Tambem tenho a opinião do mau comportamento desta companhia comandos. Foi a companhia dos acontecimentos em Vila Alice, antes de ir a carmona, onde por pouco não foi eliminado a direção do MPLA.
ResponderEliminarMas foi importante no dispositivo da coluna. Os Paras nunca actuaram sozinhos. Juntaram a nós no Negage.
O meu agora amigo Capitão QUEIMADA na reserva, Meu actual colega em Moçambique, na altura Alferes do quadro dessa companhia de comandos, e que fez a coluna connosco, tem uma opinião diferente.
O ataque a Boytes e bares fazia parte da cultura dos comandos, no descanso e era tulerada pelos altos comandos.
Carlos ferreira