kkk
Setembro de 1974. Luanda! Dia 25! Estou de mala aviada para regressar ao Quitexe e aproveito as últimas horas de borga para me espraiar pelas praias da restinga, na ilha!, almoçar marisco com o meu amigo Albano Resende (foto) e esperar pelo meio da tarde, quando o Alberto sairá da Base Aérea e nos encontraremos na baixa.
Está combinada uma boa frangalhada num dos Florestas - restaurantes que ficavam perto do estádio dos Coqueiros, atrás da Sé -, uma frangalhada bem molhada, regada à fartura, com uns fartos canhângulo, para afogar o gindungo e a sede que medrava no calor luandino.
O Alberto trazia notícias de Lisboa, vinda de avião e em forma de jornal: ficou a saber-se que o Presidente Spínola convidou os directores dos jornais A Província de Angola (Ruy Coreia Freitas) e Notícias (António Joaquim Ferronha), para além do secretário geral do Partido Cristão Democrático de Angola, do presidente da Liga Nacional Africana e do escritor Domingos Vandunen, para uma reunião em Lisboa. De fora, e dando título à notícia do jornal, ficava o Movimento Democrático de Angola e a Frente Socialista de Angola - organizações que na noite da véspera se reuniram, manifestando estranheza por não terem sido convidados por Spínola.
Nada que nos preocupasse! Era lá coisa deles, da política, dos políticos!
A mim, que voaria para Carmona dentro de algumas horas, seguindo para o Quitexe, o mais importante era viver a noite que sonhávamos atraente, sensual e de cio, no Diamante Vermelho, que ficava um pouco acima do Largo Serpa Pinto e do Katekero onde me acomodava. Por lá, fazia noites uma amiga comum, que outras nos trouxe, sentando-se e bombaleando-se nos colos dos nossos desejos. Queríamos lá saber dos partidos, dos jornais, das notícias, dos movimentos, da democracia, das negociações!
Foi isto, há 39 anos!!
O tempo voa e a saudade de Angola vejo-a aqui sentada na memória.
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