Aeroporto internacional de Luanda (gare), nos anos 70 do século XX. Daqui saíram os Cavaleiros do Norte, entre os dias 8 e 11 de Setembro de 1975. Viegas, Mosteias e Neto em Carmona, em Julho de 1975 (em baixo)
A última refeição de Angola, foi no Grafanil, de domingo para 2ª.-feira. Refeição aligeirada, à falta de melhor: de pastéis e vinho branco, oferecidos pelo familiar de um dos Cavaleiros do Norte que ia partir. Um dos nossos!!! Era 7 para 8 de Setembro de 1975 e os dias não eram de fartura pela Luanda a que íamos dizer adeus.
A noite foi passada sem sono e, madrugada aberta, já no dia (hoje se fazem 38 anos), lá fomos para o aeroporto internacional de Luanda, onde centenas (milhares?) de civis aguardavam «boleia» para Lisboa e protestavam pelos atrasos que adiavam o embarque. Eram à volta de 1300 pessoas - dizia-se por lá... - que, por esse tempo, diariamente voavam para a Europa, num corropio enorme, frenético e para muitos angustiante, e nem sempre bem controlado.
A Luanda que deixávamos tinha vivido um fim se semana aparentemente calmo, em termos militares, e a nossa manhã do aeroporto ainda deu para saber que mesmo no Caxito - onde se vinham a multiplicar incidentes entre o MPLA e a FNLA - não se tinham registado combates nos dois últimos dias.
Tivemos notícias de Carmona, de onde tínhamos saído a 4 de Agosto, pouco mais de um mês antes: instalou-se lá uma equipa da Cruz Vermelha Internacional, formada por dois médicos (um de clínica geral e um anestesista) e duas enfermeiras, obviamente para acudir a feridos.
O Neto, o Mosteias e eu (foto) - e não me lembro se mais algum furriel - fomos encarregados, no aeroporto de «trazer» presos para Lisboa. Eram militares com problemas disciplinares e entrámos no avião com algemas a "ligar-nos". O que me acompanhou, ele mo contou durante a viagem, tinha mortes no registo criminal e sentenças que o tinham condenado a (bastantes) anos de prisão.
Por volta das 10 horas, levantámos voo e, já no ar, olhámos Luanda pela última vez. Emocionados!
- MOSTEIAS. Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano
sapador, da CCS. Faleceu a 5 de Fevereiro de 2013, vítima
de doença. Ver AQUI.
Para alguns... o resto das Companhias vieram nos dias seguintes.
ResponderEliminarTive azar de pertencer à 3ª Companhia, pois só viemos dia 11.
Um abraço a todos.
Floro Teixeira
Caro Floro:
ResponderEliminarO post fala da saída da CCS, que por essa hora de 8 de Setembro de 1975, há precisamente 38 anos, saía do aeroporto de Luanda, num voo dos TAM, para Lisboa.
CV
há 57 minutos · Gosto
Estes momentos na realidade não foram os melhores, mas tenho saudades.
ResponderEliminarÃngelo Somões Teixeira