Futebol no Quitexe, a equipa do Parque-Auto. De pé, Teixeira (estofador),
Malheiro, Frangãos (Cuba), Marques (Carpinteiro), Pereira (condutor), Gaiteiro
e Teixeira (pintor). À frente, Monteiro (Gasolinas), Pereira (mecânico), Celestino
(condutor), Gomes (condutor, Carlos Mendes (bate-chapas) e Miguel (condutor)
Furriéis milicianos no Quitexe, em finais de 1974: Carvalho (da 3ª. CCAV. 8423), Viegas (da CCS) e um angolano, cujo nome se me varreu da memória. Alguém se lembra? |
Os dias do Quitexe, na entrada dos meados de Dezembro de 1974,
iam-se passando na tranquilidade dos deuses, embora com a guarnição
reduzida às tropas metropolitanas - depois de dispensados (com licença
registada) os incorporados locais, as chamadas tropas de mesclagem. E mesmo os graduados
angolanos, de que é exemplo o furriel miliciano aqui ao lado - cujo nome se me
varreu da memória.
A operação de desactivação de
aquartelamentos continuava, na Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte e
outras. No nosso caso, já tinham sido desactivados os de Zalala, Liberato e
Santa Isabel; preparava-se o de Luísa Maria, já previsto para 14 de Dezembro.
O Quitexe, a este tempo e como por aqui já falámos, tinha cinema
(entre os dias 4 e 19, por todas as subunidades) e futebol, para «matar» as
horas livres e com programação integrada no plano de acção psicológica. Futebol
com renhidas partidas entre pelotões e sub-unidades, disputadas no pelado
empoeirado do Quitexe, mesmo à saída para Carmona.
O 12 de Dezembro de 1974 foi uma 5ª.-feira, há precisamente 41
anos, e soube-se pelas bandas dos Cavaleiros do Norte que, em Lisboa, o Governo
Português propôs os Açores como o local para a cimeira com os três movimentos
de libertação: MPLA, FNLA e UNITA.
Data, não se sabia, mas a notícia do Diário de Lisboa (que
citamos) admitia que seria ainda antes do Natal - o que, como hoje sabemos, não
se veio a confirmar. O objectivo era formar o Governo de Transição de Angola.
A Frente de Unidade Angolana (FUA), noutra frente, telegrafou ao Presidente
da República, reivindicando «intransigentemente direitos adquiridos
pelos movimentos pacifistas de intervirem nas negociações para a formação do
Governo de Transição, como único meio conducente ao clima de segurança,
concórdia e justiça».
A FUA era presidida por Fernando Falcão, engenheiro e empresário
que, ao tempo, era Secretário de Estado Adjunto da Junta Governativa da Angola.
Lúcio Lara inaugurou a Delegação do MPLA em Nova Lisboa e afirmou
que «chegou o momento de todos juntos
podermos realmente inventariar as riquezas deste país, as suas potencialidades,
e planificar o futuro económico de Angola, para que beneficie realmente todo o
povo, sobretudo aqueles camaradas que até hoje tem sido vítimas da opressão
colonial».
Sem comentários:
Enviar um comentário