Cavaleiros do Norte, no Quitexe. Um grupo de sapadores, no momento de partida
para uma escolta ou patrulha, em 1974/75. Alguém consegue identificar alguém?
Furriéis António Carlos Letras e Abel Mourato, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. Aqui, num jardim de Carmona, em 1975 |
A 18 de Janeiro de 1975, o comandante Carlos Almeida e Brito esteve em Carmona, numa reunião de comandos que decorreu no Batalhão de Caçadores nº. 12 - o BC12, futuro aquartelamento dos Cavaleiros do Norte. Não custa «adivinhar» que o acordo do Alvor esteve na agenda dos trabalhos.
Obviamente, foi principalmente «a necessidade de estabelecimento de contactos operacionais» que, segundo o Livro da Unidade, «impôs a ida» ao BC12, como também ao Comando do Sector do Uíge (CSU), nos dias 3, 7 e 28 de Janeiro desse ano de 1975.
Agostinho Neto, presidente do MPLA, tinha ficado em Portugal e deslocou-se nesse dia ao Porto, onde afirmou, segundo o Diário de Lisboa, que «a independência de Angola vai mudar radicalmente o nosso país e também as estruturas portuguesas». «As notícias que nos chegam de Angola - acrescentou aquele dirigente - dizem-nos da euforia que ali reina. Os acordos foram os melhores até agora realizados, porque eram os mais difíceis».
«Partimos com divergências profundas e terminamos unidos», disse Agostinho Neto, que nesse dia regressou a Lisboa, passando por Coimbra.
Jonas Savimbi, presidente da UNITA, regressara a África na véspera e dissera, já dentro do avião da Força Aérea Portuguesa que o transportou, que «o acordo reflecte, de facto, o espírito de fraternidade que presidiu aos trabalhos e também a defesa dos interesses do nosso povo».
«Vamos continuar a contactar as delegações do MPLA e da FNLA, para ver se nos aproximando cada vez mais, porque a plataforma de Mombaça serviu para entabularmos negociações com o Governo Português mas teremos de fazer face aos problemas graves do nosso país, da independência e da reestruturação nacional», acrescentou Jonas Savimbi.
Holden Roberto, presidente da FNLA, «teve ontem a noite um acolhimento fantástico, por parte de militantes e simpatizantes» em Kinshasa e, segundo o relato do Diário de Lisboa, disse, sobre a Cimeira do Alvor, que «foi o povo angolano que ganhou» e que «esta vitória é de todos». Sublinhou também «o acolhimento e a hospitalidade das autoridades portuguesas», considerando que «contribuíram largamente para o êxito da reunião».
Ao tempo, continuava a indefinição sobre quem seria o novo Alto Comissário e o futuro da comunidade branca: «E agora que dizer exactamente aos portugueses brancos que vivem em Angola e querem fazer de Angola a sua pátria?». interrogava Luís Rodrigues, enviado do jornal A Província de Angola, enviado especial ao Alvor. Respondia: «Pois bem, que olhem par as qualidades intrínsecas de bondade, de gentileza natural, de compreensão pela vida familiar e comunitária dos seus irmãos africanos».
Assim ia Angola, há 41 anos!
Sem comentários:
Enviar um comentário