Cavaleiros de Zalala, no encontro de 9 de Setembro de 1995, em Águeda. Da
direita para a esquerda, os (ex)furriéis milicianos Américo Rodrigues, Jorge
Barreto, Manuel Pinto e João Dias
A extinção do Batalhão de Caçadores 12 (o BC12), em Carmona, fez admitir a probabilidade de os Cavaleiros do Norte rodarem para esta cidade, a capital da Província do Uíge. Estávamos já na última semana do mês de Janeiro de 1975 - já lá vão 41 anos, éramos meninos e moços... e já no oitavo mês da jornada angolana - e ainda se «bebiam» notícias, resultados e expectativas da Cimeira do Alvor. Desencontradas, nalguns casos..., mas sempre ansiosamente esperadas. Ir para Carmona - a cidade!!!... - era, muito naturalmente, o melhor que nos podia acontecer.
A Cimeira que «iria definir os termos da negociação da independência de Angola», como definiu, lê-se no Livro da Unidade que «polarizou todas as atenções» e foi em reflexo dela que «começou a ser murmurada uma nova remodelação do dispositivo». Porém, relativamente a Janeiro de há 41 anos, «nada de positivo ainda se concretizou sobre tal movimento, que está esboçado mas que aguarda ainda a sanção superior, resultante de alterações que a Cimeira do Algarve possa impor», como historia o Livro da Unidade.
O dia, segundo o Diário de Lisboa, confirmou a nomeação do brigadeiro Silva Cardoso como Alto-Comissário de Portugal no Governo de Transição de Angola - confirmando-se, assim, a hipótese que sucessivamente vinha a ser apontada - já, pelo menos, desde a Cimeira do Alvor. A posse foi anunciada para o dia 28, em Belém, e no mesmo dia partiria para Luanda. Já integrava a Junta Governativa de Angola e participara na Cimeira do Alvor.
Enquanto isso, e segundo o jornal «O Comércio», de Luanda, Daniel Chipenda, dirigente da Revolta do Leste, uma das facções dissidentes do MPLA, entrou na cidade do Luso «às primeiras horas de ontem», dia 24 de Janeiro de 1975. E para aquela cidade se dirigia uma Companhia de 100 homens, com os comandantes Kilimanjaro e Rosa. Estava aquartelada em Ninda, onde Chipenda tinha realizado o congresso da Revolta do Leste. Queria a integração dos seus homens no futuro exército de Angola.
Forças portuguesas e do MPLA tinham tomado posição na estrada de acesso ao Luso, «estabelecendo uma barreira para impedir a entrada das forças de Chipenda» e um oficial português, ainda segundo o jornal O Comércio», propôs que «entregassem as armas para poderem entrar na cidade, mas eles recusaram, a menos que as forças do MPLA procedessem da mesma forma». Kilimanjaro, para «evitar qualquer incidente, ordenou que os seus homens retirassem para uma distância de 3 quilómetros». A FNLA, por seu lado e «saída do Luso», relata(va) o Diário de Lisboa, «começou a movimentar-se próximo do local onde estacionavam as forças de Chipenda».
O jornal O Comércio, por sua vez, acrescentava que «Daniel Chipenda tem, neste momento, forças militares estacionadas nas localidades de Bon, Ninda e Ivungo». Há 41 anos.
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