Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, este ano reunidos em Ferreira do Zêzere. Regressaram a Portugal a 11 de Setembro de 1975, hoje, precisamente, se fazem 41 anos! |
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel. Em grande plano, o capitão José Paulo Fernandes (comandante da 3ª. CCAV. 8423) e o 1º. sargento Francisco Marchã |
Quinta-feira, dia 11 de Setembro de 1975. Há precisamente 41 anos!!! A madrugada «acordou» quente, na última alvorada da 3ª. CAV. 8423 em terras de Angola. Os Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel iam partir para o aeroporto de Luanda e, daqui, em voo directo para Lisboa. E partiram! O adeus ao Campo Militar do Grafanil viria a ser (e foi) pelas 6 horas da manhã - depois de uma noite de ansiedade entre is jovens militares.
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: os furriéis milicianos António Flora, Agostinho Belo, António Fernandes e Alcides Ricardo |
Atrás, se recuássemos no tempo, estava uma jornada angolana, vivida desde 5 de Junho de 1974 (dia da chegada a Luanda) e sucessivamente passada na Fazenda Santa Isabel (desde 11 de Junho), no Quitexe (10 de Dezembro), Carmona (8 de Julho de 1975), pelo saudoso Uíge, e pelo Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda (6 de Agosto).
O aeroporto foi espaço para, fora dos olhares gerais, o transporte da urna com os restos mortais de Manuel José Montez Barreiros, o malogrado Cavaleiro do Norte de Santa Isabel que, por doença, falecera a 20 de Agosto desse ano de 1975. O corpo tinha sido identificado pelo furriel Agostinho Belo, na mortuária do Grafanil, onde estava em depósito de frio. Está sepultado na sua terra natal, em Aldeia de Além, concelho de Alcanede.
Outro Cavaleiro do Norte partia para Lisboa, com emoções divididas: por um lado, a alegria do regresso; por outro, por ficar lá a mulher amada. O alferes miliciano Carlos Almeida e Silva. Por essa paixão, e por um amor multiplicado por estes 41 anos, voltou ele a Luanda, com ela casando a 18 de Outubro seguinte, pouco mais de um mês depois. Não há limites para o amor, aqui se prova.
Luanda, nesse dia do adeus dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, comentava a libertação do Caxito, de onde o MPLA expulsara a FNLA. «Para além da grande vitória militar que constituiu a libertação daquela vila do domínio da FNLA, ela representa também uma grande vitoria psicológica, dada a desmoralização que se patenteia nas forças de Holden Roberto», reportava o Diário de Lisboa da tarde desse dia - saído das máquinas quando os «santa-isabelianos» já voavam os ares de África, a caminho da capital portuguesa.
O alferes miliciano Carlos Silva. Por amor voltou a Angola, um mês depois, para se casar com a namorada amada... Até hoje! |
Os furriéis milicianos José Grenha Lopes, Agostinho Belo e Graciano Silva |
Os combates de dois dias envolveram, da parte do MPLA, a utilização de blindados e armas pesadas. A derrota, para a FNLA, sublinhava o Diário de Lisboa, em serviço do seu correspondente em Luanda, «significava um desaire quase catastrófico pois, estrategicamente, o Caxito era fundamental para o tão falado avanço sobre Luanda», para além de ser «um grande abalo psicológico para os homens» do movimento de Holden Roberto.
A viagem dos Cavaleiros do Norte decorreu tranquila e muitos familiares os esperavam em Lisboa. Depois foi galgar os quilómetros até às suas terras e às suas gentes, onde «mataram» as saudades que tinham levedado nos seus 15 meses da jornada africana de Angola.
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