CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 10 de maio de 2023

7 163 - O último dia da IAO a preparar... Angola! Dias e Pires, 2 furriéis TRMS em Bragança!

Cavaleiros do Norte no Quitexe, em Setembro 1974. Há precisamente 49 anos, a 10 de  
de Maio e 1974 e em Santa Margarida (RC4), acabavam a Instrução Altamente Operacional 
(IAO) na conhecida Mata do Soares, a poucos dias da marcha para Angola

Os furriéis milicianos João Dias (da 1ª. CCAV.) e José
Pires (da CCS, companhias do BCAV. 8423), ambos
de transmissões e hoje mesmo em Bragança e a
fazer memórias da jornada uíjana de Angola
 

A sexta-feira de 10 de Maio de 1974 foi o último dos 10 dias da Instrução Altamente Operacional (IAO) dos futuros Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 - então mobilizados para Angola. 
Hoje e passados 49 anos foi tempo de, por terras de Bragança, se acharem em abraço de saudades e memórias, dois furrieis milicianos especialistas de Transmissões: o José Pires, da CCS, e o João Dias, da 1ª. CCAV. 8423.
«Foi curto o tempo do encontro, porque o Pires tinha compromissos com ciclistas», reportou-nos o João Dias, acrescantando que «mesmo assim, deu para recordarmos alguns tempos de Tavira, de Santa Margarida e de Angola».
E também, ainda sublinhou, «como não podia deixar de ser, os alferes Hermida e Garcia».
Ambs já falecidos: o António Garcia, comandante o PELREC e de acidente (a 2 de Novembro de 1979), e José Leonel Hermida, oficial de Transmissões (que faleceu a 16 de Janeiro de 2023, de doença e na Figueira da Foz).
Que, a ambos, também nós aqui recordamos com saudade!
Há 49 anos e recuando no tempo, a IAO decorreu a partir
do Destacamento do RC4, no Campo Militar de Santa Margarida, «já com total autononia das Companhias», todas comandadas por capitães - a CCS do SGE António Martins de Oliveira, que viria a ser a do Quitexe) e as operacionais lideradas pelos então ainda tenentes milicianos Castro Dias (1ª. CCAV., a de Zalala), José Manuel Cruz (2ª. CCAV. a de Aldeia Viçosa) e José Paulo Fernandes (a 3ª. CCAV., a de Santa Isabel).
O objectivo era, de acordo cm o livro História da Unidade», «pô-las a viver à semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser a sua vida no ultramar».
O nosso destino, já há muito se sabia, era Angola e este último dia da IAO foi tempo para os futuros Cavaleiros do Norte viajarem para as suas casas, para a última visita às famílias - numa espécie de segunda Licença de Normas. A primeira e a oficial, fora de 18 a 28 de Março.

Marco geodésico da Mata do Soares, nos
arredores de Santa Margarida, onde há 49 anos
decorreu a IAO do BCAV. 8423

A preparação no RC4
para os combate de Angola !


A viagem da CCS para Angola estava marcada para o dia 27 de Maio (afinal, adiada para dois dias depois, a 29) e estavam «mortas» as (in)fundadas esperanças de já não irmos para a jornada africana - muito badalada, por esse tempo imediatamente pós-revolução. 
«A licença é um período de repouso dado a todos os que vão combater no ultramar (...), não é mais que um período de transição entre o soldado na prestação normal do serviço militar e aquele em que esse mesmo soldado ultima a sua preparação para o combate», era, sumariamente, a mensagem do comandante Almeida e Brito.
«Recorda-te de tudo o que pedimos sobre aprumo e atavio, pontualidade e vontade firme, dedicação e interesse, disciplina e respeito total», acrescentava o comandante na nota entregue aos soldados, lembrando também que «as exigências, ensinamentos e exemplos dos teus superiores são princípios que de tens de seguir, de compreender, pois são essas afirmações que te levarão a, como já um dia te disse, querer e saber e vencer».
Foi neste clima, reporto do livro «HdU», que o BCAV. 8423 «se preparou para desembarcar em Angola, para rumar ao subsector que lhe foi destinado e no qual irá procurar a «querer e saber vencer» cumprir a sua missão»
Ainda não sabíamos que o Quitexe seria o nosso destino angolano. E Zalala! E Aldeia Viçosa. E Santa Isabel. E outros chãos africanos do norte de Angola.
O capitão miliciano Davide O. Castro Dias com a
última bandeira de Zalala, a 20 de Fevereiro de
2020. Rodeado pelos furriéis Ribeiro e Branco
(da 1ª. CCAV. 4211) e Viegas (CCS do BCAV. 8423)


Castro Dias, comandante 
da mítica Fazenda de Zalala,
em festa de 77 anos !

O capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias foi comandante da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, e festeja 77 anos a 11 de Maio de 2023. Amanhã!
Oficial de Infantaria, era licenciado em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e, na jornada africana do Uíge angolano, foi louvado porque «sempre soube orientar a sua subunidade para o cumprimento das missões que lhe foram confiadas, muito embora nem sempre em condições favoráveis, quer devido ao isolamento inicial em que a Companhia viveu, quer depois devido a ter transitado para zonas particularmente delicadas».
O louvor foi publicado na Ordem de Serviço nº. 174 do BCAV 8423 e sublinha também que «foi zelador do cumprimento do processo de descolonização
, para além de ser «disciplinado, de lealdade vincada» e também de «não olhar a esforços para tornear as dificuldades logísticas por vezes vividas».
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, depois de também ser jornadeado por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, e fez vida profissional na área do ensino, de que já está aposentado, e também como dirigente sindical.
Hoje lhe antecipamos os merecidos parabéns pela tão bonita e saudável passagem por esta vida terrena que todos amamos!

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