CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 20 de maio de 2023

7 173 - Portugueses «a sair em massa» de Angola e Cavaleiros a cumprir pelos chãos do Uíge!


Cavaleiros do Norte no Quitexe. Atrás, do lado esquerdo, os furriéis milicianos Pires e 
Costa (dos Morteiros). Depois, Graciano e Fernandes (3ª. CCAV.) e Rocha (CCS). Na fila 
do meio, Cardoso, Grenha Lopes e Flora, tapado pelas mãos do Fernandes (todos da 3ª.) 
e Viegas (CCS). Depois, Abrantes (com cachimbo na mão), Rabiço (3ª.), NN (tapado 
pela mão do Bento, parece ser o Lajes, do bar) e Bento (CCS). À frente, Ribeiro (3ª.). De pé, do 
lado direito, o 1º. sargento Francisco Marchã (3ª.)
O que resta da parada da CCS do BCAV. 8423, o Quitexe e onde se
situavam as casernas, balneários, oficinas, cozinha a refeitório,
em imagem de 24 de Setembro de 2019. Os pavilhões ficam junto
ao largo da Igreja de Santa Maria de Deus e neles funciona uma
 escola do Quitexe



A 19 de Maio de 1975, o jornal «A Província de Angola» (ao tempo, muito afecto à FNLA) dava como certo «o regresso de Holden Roberto a Angola». Ao mesmo tempo, previa, para o dia 1 de Junho seguinte, a realização da cimeira entre os três movimentos.
Iam duvidosos os tempos. Em Luanda, segundo o «Diário de Lisboa», «o espectáculo do aeroporto é verdadeiramente impressionante, com os europeus a saírem em massa».
«O êxodo assume proporções gigantescas. Enquanto nos primeiros quatro meses deste ano, de Janeiro até fins de Abril, saíram cerca de 5000 pessoas, na semana que findou abandonaram Angola aproximadamente 4000 portugueses», noticiava o «Diário de Lisboa» de há 48 anos, dia 19 de Maio de 1975.
Agostinho Neto, presidente do MPLA (na foto), em declarações ao jornal O Comércio, de Luanda do mesmo dia, considerava que, esta fase e para muitos deles (colonos portugueses) era «o acordar inevitável do dia que nuca esperaram».
«O técnico angolano que foge para Portugal neste momento, pensando voltar quando houver calma, está a trair os interesses do seu país, e os técnicos estrangeiros que se portam da mesma maneira, caem em igual oportunismo, não sendo portanto amigos de Angola», sublinhou o presidente do MPLA.
Os Cavaleiros do Norte, no Uíge angolano, continuavam a sua missão, sem sujeições e facilidades, mas, escrupulosamente, cumprindo o seu dever de garantes da ordem e da justiça, da segurança de pessoas e de bens. 
Cavaleiros da 1ª. CCAV. 8423, há 49 anos e todos milicianos:
 alferes Lains dos Santos e Mário Sousa (f. a 26/01/2021, de
doença e no Porto), furriel Jorge Barreto (f. a 02/11/2021, em
  Gondomar, de doença), Jorge Barata (f. a 10/10/1997, de 
doença e em Alcains), José A. Nascimento, Rodrigues (f. a
 30/09/2018, em VN de Famalicão) e José Louro


A licença, do adeus
a Santa Margarida que
«vou» para ... Angola!

Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no sábado de há 49 anos, no ido ano de 1974, estavam na sua última licença de adeus e já com datas de partida marcadas para Angola. 
A CCS seria no dia 27 de Maio de 1974, mas seria depois adiada por dois dias - como, de resto, aconteceu com todas as três companhias operacionais.
O livro «História da Unidade» precisa que este tempo «era um período de transição entre o soldado na prestação do serviço militar normal e aquele em que esse mesmo soldado ultima a sua preparação para o combate»
«Aproveita esta licença para tudo o que entendas, mas nomeadamente para tudo o que não possa ser feito nos períodos normais de licença», sugeria o HdU, acrescentando que «a partir dela, estás em condições de poder embarcar, por isso cultiva as virtudes que te solicitaram, para te impores como verdadeiro soldado».
Os furriéis milicianos Mota Viana, Eusébio
Martins (f. a 16/04/2014 e em Belmonte) e
Plácido Queirós, ainda em Santa Margarida

A independência
da Guiné-Bissau! 

O dia foi tempo de se saber que o cessar-fogo estava «iminente na Guiné», considerado o pior palco da guerra colonial portuguesa, embora só depois do encontro entre Mário Soares e Aristides Pereira.
Políticos que, ao tempo, eram, respectivamente, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o secretário geral do Partido Africano para  Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
«Iniciámos uma diplomacia activa e estão criadas as condições para dialogarmos com os movimentos de libertação e com os países africanos», disse Mário Soares, no final do Conselho de Ministros realizado em Lisboa, na véspera, e mostrando-se optimista quanto ao encontro de 25 de Maio, com Aristides Pereira.


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