A tomada do Caxito, com o português José Victor Nogueira e Carvalho
Três furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel: Grenha Lopes (de Barcelos e agora em Lisboa), Agostinho Belo (do Retaxo, Castelo Branco) e, à frente, Graciano Silva (Lamego) |
Aos 25 dias do mês de Julho de 1975, uma sexta-feira, há precisamente 41 anos e à terceira tentativa, finalmente e depois de «desanuviado ligeiramente o ambiente, conseguiu realizar-se a desejada coluna a Salazar, fazendo-se o seu regresso e do pessoal que tínhamos em Luanda em 26 de Julho», reporta o Livro da Unidade - o do Batalhão de Cavalaria 8423, os Cavaleiros do Norte - sobre esses dias de algumas dúvidas e de muitas expectativas.
Mapa de Angola (parcial), para se avaliar a distância e o percurso de Carmona (Uige) ao Caxito e a Luanda |
Daniel Chipenda, que afinal continuava em Carmona (e não no Caxito, no comando das tropas da FNLA), lá deu nesse dia uma entrevista a um jornalista da AFP, anunciando ao mundo que «as nossas tropas marcham sobre Luanda e esperamos que a sua entrada na capital aconteça nos próximos dias».
«Apesar das declarações de várias entidades do Governo de Lisboa, as forças portuguesas não se oporão realmente ao avanço das tropas da FNLA», sublinhou o dirigente e comandante militar da FNLA, acrescentando «não ter medo a eventual intervenção da Força Aérea Portuguesa», até porque, disse, confiante, «durante a guerra, os portugueses usaram a aviação e você conhece s resultados».
A confiança de Chipenda parecia ilimitada, nomeadamente afirmando que o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA), era «mais importante, em comparação com os outros ,movimentos de libertação» e que, na mesma entrevista, «vamos a Luanda não para negociar mas para dirigir», até porque, frisou, «todos os anteriores acordos foram violados pelo MPLA».
Daniel Chipenda, que conhecemos em Carmona (durante a campanha da apanha do café e num comício da FNLA, no campo do Clube Recreativo do Uíge) e mais tarde encontrámos em Portugal, afirmou também que as FNLA «não tinha a intenção de se acantonar no norte de Angola, mas, sim, a de se instalar em Luanda e de lá «manter seu quartel-general».
Fazenda Chandragoa: a casa da administração e fortim (em cima) e Zeca, filho do proprietário, aos 18 anos (em baixo). Foi visitada por Almeida e Brito há precisamente 42 anos, 25 de Julho de 1974! |
Um ano antes e no Quitexe e outras subunidades (Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Vista Alegre e Liberato), celebrou-se o Dia do Exército «com cerimónias simples». No mesmo dia 25 de Julho de 1974, o comandante Carlos Almeida e Brito, acompanhado de autoridades locais (administrativas e eclesiásticas), visitou as Fazendas Guerra, Chandragoa, Buzinaria e Isabel Maria.
- NOGUEIRA e CARVALHO. José Victor de Brito
Nogueira e Carvalho foi capitão miliciano de Infantaria,
inspector da DGS em Angola, funcionário superior da
Polícia de Informação Militar (PIM) e do Gabinete Especial
de Informações do Comando-Chefe das Forças Armadas
de Angola. Ver AQUI
Sem comentários:
Enviar um comentário