CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 12 de abril de 2015

3 087 - Problemas na zona leste e férias em Nova Lisboa

O Cinema Ruacaná, em Nova Lisboa. O furriel Viegas e a madrinha Isolina, a
12 de Abril de 1975, na mesma cidade - a capital do Huambo 


A 12 de Abril de 1975 foi dada como «reestabelecida a calma no Luso, no estremo leste de Angola, onde se deram incidentes graves na terça-feira, envolvendo forças militares do MPLA e da FNLA, que duraram cerca de 12 horas».
A «aurear o queijo» por Nova Lisboa, eu e o (furriel) António José Cruz, de nada obviamente sabíamos, a não ser a pouco informação que circulava nos jornais e rádios angolanos - a única que nos chegava com regularidade, mas que andava a créditos de censura imposta pelo Governo de Transição.
Os incidentes, segundo a imprensa do dia, «originaram prejuízos materiais de certa monta, nalguns edifícios da cidade». E também «morreu um civil e houve vários militares e civis feridos».

A situação, estando eu com a família Cecília Neves/Rafael Polido, no nova-lisbonense Hotel Bimbe, levou-nos a alertá-los para os putativos perigos que se adivinhavam para a zona do Huambo (e sul da Angola) - a que o casal, seguro da paz que por lá se vivia, não deu grande crédito. Bem se viria a arrepender.  
Um telefonema para o Francisco Neto, o furriel-irmão que continuava por Carmona, deu-me conta de alguns problemas que se viviam na zona. Telefonar, ao tempo, não era como hoje, à velocidade dos telemóveis que, num ápice, nos põem à conversa com a outra ponta do mundo. Pedi, do Hotel Bimbe, para ligar para a messe de sargentos do Bairro Montanha Pinto e foi de lá que o Francisco Neto deu conta que «está tudo controlado», mas - há sempre um mas... - acrescentando que «há umas escaramuças entre os gajos do MPLA e da FNLS, que não se entendem...». As palavras terão sido mas ou menos essas.
O 12 de Abril de 1975 era sábado e foi tempo para um facto inusitado: a ida de minha madrinha Isolina ao cinema. Não era seu hábito e não me recordo do nome do cinema. Era do outro lado do caminho de ferro, a partir das Avenida 5 de Outubro e perto do campo do Ferroviário e do Hotel Bimbe. E neste cinema, depois de uma frustrada tentativa de ir ao Ruacaná -aqui, sem bilhetes. Ironicamente, um filme da guerra do Vietname, o que levou minha madrinha a perguntar-me se a nossa guerra, lá pelo norte de Angola, também era assim. Disfarcei, como pude, a resposta à querida senhora minha afim madrinha de baptismo.

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