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Férias de há 41 anos. O furriel Viegas (segundo, do lado direito) com o capitão
Domingues (da ZMN e familiar de Fátima) e a família Resende: Fátima e José
Bernardino (com duas filhas) e Albano (ao centro)
Segunda-feira, 31 de Março de 1975! Saímos do Katekero (eu e o Cruz) para o mata-bico na Portugália, ainda não eram 8 horas da manhã e fazia um calor intenso, quase sufocante. A leitura da imprensa do dia ocupou-nos o tempo de matabichar e fazer horas de espera para a chegada do conterrâneo Albano Resende (às 10). Depois, caminhámos pela marginal, embrulhados no bulício de uma baixa que estava longe dos incidentes entre os movimentos - que eram lá para a alta e para os bairros suburbanos. Passámos ao lendário Pólo Norte e, ao darmos de frente com os Correios, ocorre-me a loucura de telefonar a minha mãe, que por aqui (onde agora escrevo, em Ois da Ribeira, município de Águeda) fazia o luto da morte de meu pai (um ano e pouco antes) e da minha jornada africana de Angola, na guerra colonial. Era dia de visita pascal na aldeia!
Telefonar para a Europa, ao tempo, não era vulgar - era quase um atrevimento. Não era como agora, na era dos telemóveis, em que ligamos na hora e na hora falamos.
Luanda e o Pólo Norte (à esquerda), «templo» dos bons gelados e de boas e namoradeiras conversas, lá pelos anos 70 do século XX! |
O jornal diário «Liberdade e Terra», afecto à FNLA, dava conta da visita do ministro Almeida Santos a Kinshasa, onde reuniu com Holden Roberto (FNLA) e, depois, com Mobutu, presidente do Zaire.
A situação político-militar evoluía: «Nas últimas 48 horas, houve violação do acordo entre os três movimentos de libertação e o Governo português, mas estas ocorrências não prejudicam o regresso à normalidade, ou à quase normalidade, embora se pressinta um estado latente de tensão», reportava José António Salvador, o enviado especial do Diário de Lisboa, que citamos.
Almeida Santos, entretanto chegado a Lisboa, ido de Kinshasa, comentava «a possibilidade de novos incidentes» e de estes «degenerarem numa guerra civil» angolana. Admitiu a possibilidade mas manifestou a convicção de «não esperar tal probabilidade» e, por outro lado, «a certeza da neutralidade portuguesa».
O restaurante Floresta, na baixa de Luanda e bem perto da Sé. Aqui almoçámos (eu, o Cruz e o civil e amigo Albano Resende) a 31 de Março de 1975. Hoje se fazem 41 anos! Foto dos anos 70 (da net) |
O almoço do dia, com o Cruz e o Albano Resende, foi no restaurante Floresta, bem perto da Sé de Luanda e regado de vários «canhangulos» - como por lá se chamava às canecas de cerveja, cada qual pr´aí com um litro da dita. Boas férias, bem começadas! O final da tarde e a noite iam ter o saudoso Alberto Ferreira com «anfitrião». Por Luanda jornadeava ele, com cabo especialista da Força Aérea.