Grupo de militares da FNLA. Alguns deles terão feito parte dos patrulhamentos
mistos que, há precisamente 41 anos, se iniciaram na cidade de Carmona - a
capital do Uíge. Foto de Carlos Letras
Há precisamente 41 anos, de 26 para 27 de Março de 1975, começaram em Carmona os patrulhamentos mistos - envolvendo os Cavaleiros do Norte (as NT da cidade e do Uíge) e ex-combatentes da FNLA e do MPLA, assim se «ensaiando» o (que seria e não foi) futuro Exército de Angola.
A experiência foi encarada com alguma expectativa: como se iriam dar os homens da FNLA (integrados no ELNA) e do MPLA (nas FAPLA), agora fazendo parte de uma mesma força, com militares portugueses e sob comando destes? Da UNITA (e da suas FALA), não se falava (não existia...) em Carmona. Essa quarta-feira foi tempo de preparação (psicológica) para tais patrulhamentos, basicamente fundamentada na experiência do dia 15 - quando se comemorou o Dia da FNLA, precisamente fazendo segurança aos locais de tais festividades. E tinha corrido bem.
Notícia do Diário de Lisboa de 26 de Março de 1975, sobre os acontecimentos de Luanda, na véspera |
O mínimo gesto que se verificar contra os militantes e simpatizantes da FNLA, ou contra o ELNA, será considerado um desafio dos inimigos do povo. A guerra é um profissão. A morte é um destino. Liberdade e terra», concluía o comunicado.
Silva Cardoso, o Alto Comissário português (que na tarde de domingo anterior visitara a Delegação da FNLA da Avenida do Brasil, «duramente fustigada pelo tiroteio da manhã e tarde desse dia»), emitiu (a 26) um comunicado/apelo aos movimentos de libertação no sentido de «as respectivas forças recolherem aos quartéis, sendo a sua missão de vigilância cumprida através de patrulhas e participação em patrulhas mistas, sob as ordens do comandante operacional de Luanda». Asseverava Silva Cardoso que «as forças portuguesas e as forças mistas actuarão severamente contra todos os civis portadores de armas de guerra, cuja presença vem sendo constantemente notada anos últimos incidentes». O MPLA reclamava «a retirada imediata, de Luanda, das forças dos movimentos de libertação não incluídas no processo de constituição das forças mistas» e os ministros do Interior (Ngola Kabamgu, da FNLA) e da Informação (Rui Monteiro, do MPLA) pediram «o regresso à calma». Pedir, pediram!
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