CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 29 de março de 2016

3 350 - Sábado de Aleluia, em 1975, dos Cavaleiros do Norte

Cavaleiros do Norte no Quitexe: o 1º. sargento Marchã (de pé e do lado direito) e 
os furriéis milicianos Fernando Pires (dos Morteiros, atrás, à esquerda), Luís 
Costa (Morteiros), Graciano Silva, António Fernandes, José Carvalho e Nelson 
Rocha (fia de trás), João Cardoso, Grenha Lopes, António Flora (tapado 
pelas mãos do Fernandes) e Viegas (2ª. fla), Joaquim Abrantes (de cachimbo), 
Armindo Reino (?, tapado ela mão do Bento) e Francisco Bento (à frente do 
Viegas). À frente, Ângelo Rabiço e Delmiro Ribeiro 


Homens de Zalala, mas já no Songo: o
Victor Velez e o José António Nascimento,
em trajes de ir para a cozinha!!!
Dia 29 de Março de 1975!!! 
É Sábado de Aleluia, véspera de Páscoa, mas as notícias das vésperas andavam grávidas de matanças pelos lados de Luanda. É para lá que na segunda -feira seguinte eu e o Cruz temos viagem de férias programada, mas nem por um momento se pensa em adiá-la. Viria mesmo a ser antecipada para Domingo de Páscoa, valha a verdade. E lá fomos!
A jantarada de «despedida» foi o Escape, o restaurante de uma das esquinas da Rua do Comércio - ao tempo, a grande «coqueluche» gastronómica carmoniana. « S´aquela m... der para o torto, logo se vê...», comentou-se no grupo de comensais. Mas a convicção era a de que nada nos atemorizando, nada nos impediria das férias tão laboriosamente preparadas e que incluíam uma viagem para o centro/sul de Angola.
As notícias do dia, de Luanda, eram animadoras. O protocolo de cessar fogo assinado na véspera estava a resultar e MPLA e FNLA libertaram os prisioneiros. embora não se soubesse se todos. O ambiente de tensão na cidade descomprimia-se, o que era bom, apesar de se manter o recolher obrigatório das 21 horas. As sedes do MPLA e da FNLA estavam fortemente guardadas, não fosse o diabo tecê-las. A do MPLA, na Vila. Alice, por exemplo, tinha à sua volta «um rigoroso dispositivo de segurança».
A UNITA, de seu lado, assumia uma atitude de (aparente) neutralidade, face aos acontecimento que, de armas na mão, vinham opondo MPLA e FNLA e rejeitando qualquer ligação a esta última (a de presidência de Holden Roberto). Jonas Savimbi, em Dar-es-Salan, rejeitou a ideia de uma guerra civil e embora se aproveitasse das divergências entre os dois movimentos (concorrentes), a verdade é que os exortou a «evitarem por todos os meios a luta fratricida».
Diário de Lisboa de 29 de Março de 1
975: «A ordem regressa a Luanda», titulava-
se ma 1ª. página do dia de há 41 anos!
Jonas Savimbi anunciou mesmo, a esse tempo de há 41 anos e citamos o Diário de Lisboa de 29 de Março de 1975, «um encontro entre os três presidentes, para tratar de assuntos políticos e nomeadamente das eleições». E. sobre estas, defendeu «um Governo de Coligação, em moldes idênticos aos actual, mesmo depois das eleições».
As declarações do presidente da UNITA não seriam de todo inocentes já que, de algum modo, se aproveitava das diferenças entre MPLA e FNLA para afirmar o seu movimento, insistindo nos perigos de uma guerra civil e considerando que «admitir tal hipótese, é inimigo de Angola».
Mal imaginariam todos os trágicos males que iriam acontecer à terra angolana que se preparava para a independência!

Sem comentários:

Enviar um comentário