Cavaleiros do Norte no Quitexe: o 1º. sargento Marchã (de pé e do lado direito) e
os furriéis milicianos Fernando Pires (dos Morteiros, atrás, à esquerda), Luís
Costa (Morteiros), Graciano Silva, António Fernandes, José Carvalho e Nelson
Rocha (fia de trás), João Cardoso, Grenha Lopes, António Flora (tapado
pelas mãos do Fernandes) e Viegas (2ª. fla), Joaquim Abrantes (de cachimbo),
Armindo Reino (?, tapado ela mão do Bento) e Francisco Bento (à frente do
Viegas). À frente, Ângelo Rabiço e Delmiro Ribeiro
Homens de Zalala, mas já no Songo: o Victor Velez e o José António Nascimento, em trajes de ir para a cozinha!!! |
É Sábado de Aleluia, véspera de Páscoa, mas as notícias das vésperas andavam grávidas de matanças pelos lados de Luanda. É para lá que na segunda -feira seguinte eu e o Cruz temos viagem de férias programada, mas nem por um momento se pensa em adiá-la. Viria mesmo a ser antecipada para Domingo de Páscoa, valha a verdade. E lá fomos!
A jantarada de «despedida» foi o Escape, o restaurante de uma das esquinas da Rua do Comércio - ao tempo, a grande «coqueluche» gastronómica carmoniana. « S´aquela m... der para o torto, logo se vê...», comentou-se no grupo de comensais. Mas a convicção era a de que nada nos atemorizando, nada nos impediria das férias tão laboriosamente preparadas e que incluíam uma viagem para o centro/sul de Angola.
As notícias do dia, de Luanda, eram animadoras. O protocolo de cessar fogo assinado na véspera estava a resultar e MPLA e FNLA libertaram os prisioneiros. embora não se soubesse se todos. O ambiente de tensão na cidade descomprimia-se, o que era bom, apesar de se manter o recolher obrigatório das 21 horas. As sedes do MPLA e da FNLA estavam fortemente guardadas, não fosse o diabo tecê-las. A do MPLA, na Vila. Alice, por exemplo, tinha à sua volta «um rigoroso dispositivo de segurança».
A UNITA, de seu lado, assumia uma atitude de (aparente) neutralidade, face aos acontecimento que, de armas na mão, vinham opondo MPLA e FNLA e rejeitando qualquer ligação a esta última (a de presidência de Holden Roberto). Jonas Savimbi, em Dar-es-Salan, rejeitou a ideia de uma guerra civil e embora se aproveitasse das divergências entre os dois movimentos (concorrentes), a verdade é que os exortou a «evitarem por todos os meios a luta fratricida».
Diário de Lisboa de 29 de Março de 1 975: «A ordem regressa a Luanda», titulava- se ma 1ª. página do dia de há 41 anos! |
As declarações do presidente da UNITA não seriam de todo inocentes já que, de algum modo, se aproveitava das diferenças entre MPLA e FNLA para afirmar o seu movimento, insistindo nos perigos de uma guerra civil e considerando que «admitir tal hipótese, é inimigo de Angola».
Mal imaginariam todos os trágicos males que iriam acontecer à terra angolana que se preparava para a independência!
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