CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 6 de agosto de 2016

3 480 - Coluna no Grafanil, 58,45 horas depois de Carmona...

Cavaleiros do Norte a ajudar a (re)construção de caixotes de civis, em
Salazar - actual N´Dalatando. Era neles que transportavam boa
parte dos seus bens patrimoniais, que depois faziam chegar a Lisboa


O trajecto da coluna dos Cavaleiros do Norte,
assinalado a vermelho. Muito maior que a Estrada
do Café (a verde), o mais perto de Luanda


A cidade de N´Dalatando, antiga Salazar, foi atravessada por volta das 16 horas de 5 de Agosto de 1975. «Levou a atravessar cerca de 4 horas» lê-se no Livro da Unidade, o BCAV. 8423. O furriel miliciano António Artur Guedes, da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), recorda que «antes de entrar em Salazar, os militares da Companhia de Comandos fizeram, durante algum tempo, acompanhamento apeado, flanqueando a coluna». 
O trajecto Dondo (em baixo) ao Grafanil, logo
depois de Viana, feito há exactamente 41 anos
«Constava que, durante a longa paragem nesta cidade, alguns civis teriam sido assaltados por militares do MPLA, que vagueavan ao longo da coluna», acrescentou o Cavaleiro do Norte da Companhia que esteve aquartelada em Aldeia Viçosa.
Fernando Antunes Vieira, o jovem civil de Carmona que também seguia na coluna, lembra-se também, recordemos, que «a Companhia de Comandos ocupou o controlo da estrada, para que a coluna pudesse passar em Salazar, acompanhados por helicópteros e aviões FIAT, pois estávamos a entrar em território do MPLA».
A 6 de Agosto de há 41 anos e depois de passar o Dondo, a coluna, com cerca de 700 viaturas, teve «nova interrupção de marcha, retomada às 7 horas e a 174 quilómetros de Luanda»,  à uma hora da madrugada. Em direcção a Luanda.
Jovens de Carmona: João Manuel (Yá),
Manuel Sampaio, Fernando Antunes Vieira
(que depõe neste post) e Fernando Martins





«Às 10,20 horas, a coluna foi sobrevoada por dois aviões Fiat e um heli, com uma reportagem da BBC», reporta o Livro da Unidade. Passou Catete às 11 horas, para «começar a chegar ao Grafanil às 12 horas, aqui com o tempo de escoamento de 45 minutos» e onde era ansiosamente esperada pelos Cavaleiros do Norte que tinham voado de Carmona no domingo anterior (dia 3).
«Terminou assim, às 12,45 horas de 6 de Agosto de 1975, o movimento do BCAV. 8432, de Carmona para Luanda, nos 570 quilómetros de itinerário e no tempo de 58 horas e 45 minutos, trazendo consigo entre 700 em 800 viaturas», relata o Livro da Unidade.
A imprensa do dia deu eco da coluna: «A retirada das tropas portuguesas que estavam em Carmona e no Negage, onde exista uma base aérea portuguesa, originou a saída do resto da população europeia que ainda se encontrava na região, constituindo-se uma coluna em direcção a Luanda com uma extensão de algumas dezenas de quilómetros», reportava o Diário de Lisboa de 6 de Agosto de 1975. Acrescentava que «a FNLA parece ter posto alguns obstáculos á saída maciça destes milhares de pessoas».
A 5ª. Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas, nesse mesmo dia 6 de Agosto de 1975, referiu-se a Carmona e ao Negage: «Em cumprimento do plano de retracção dos dispositivos das Forças Armadas Portuguesas, foram retiradas as nossas tropas destas duas localidades». Acrescentava a nota do EMGFA que «como é habitual, grande parte da população civil acompanhou a tropa portuguesa».
«A coluna, constituída por centenas de viaturas e que se estende por vários quilómetros, saiu anteontem de Carmona e do Negage. Aguarda-se a sua chegada amanhã a Luanda», sublinhava a nota do EMGFA, datada de 5 e conhecida a 6 de Agosto de 1975.



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