CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 2 de agosto de 2016

3 477 - A CCS e a 1ª. CCAV. 8423 em voo de Carmona para Luanda!

Furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro - que amanhã festeja 64 
anos, em Paredes (Porto). Aqui, fotografados na avenida do Quitexe


Cavaleiros do Norte de Zalala, alguns dos que,
hoje se fazem 41 anos, voaram de Carmona para
o Grafanil; furriéis José Louro, Américo Rodrigues,
José Nascimento, Jorege Barata (falecido a
10/10/1997, em Alcains, de doença) e Jorge Barreto e
os alferes Mário Jorge de Sousa e Lains dos Santos


A 3 de Agosto de 1975, há precisamente 41 anos, «prevista a evacuação aérea das subunidades que não se deslocassem voa terrestre», como assinala o Livro da Unidade, «em duas levas de um DC6 e dois Nord Atlas, foi transportada a CCS e a 1ª. CVAV. 8423» para Luanda e deste aeroporto «para o aquartelamento do Batalhão de Intendência de Angola (BIA), no Grafanil».
Cavaleiros do Norte da CCS que voaram para
Luanda, entre outros, a 3 de Agosto de 1975:
1º. cabo Rodolfo  Tomás, furriel António Cruz,
1º. cabo António Pais e António Silva 
As viagens decorreram sem quaisquer problemas, mas todos ficámos decepcionados com o estado sanitário das instalações que nos estavam destinadas. Para o dia seguinte, e via terrestre, com apoio da Força Aérea, uma Companhia de Comandos e outra de Páraquedistas (esta, a partir do Negage) sairiam a 1ª. CCAV . e a 3ª. CCAV. com o material que faltava transportar para Luanda. 
Luanda que, nesse domingo de há 41 anos, nos «recebeu» indiferente, com recolher obrigatório estabelecido (entre as 21 da noite e as 6 horas da manhã) e, no Grafanil, sem qualquer comida para os Cavaleiros do Norte. Foi cada um a desenrascar-se como pôde - os furriéis milicianos na messe de sargentos da Avenida dos Combatentes, já passava bem das duas horas da tarde e fomos comer o que sobrava do self-service do almoço. E onde fomos olhados com curiosidade e alguns desdém, da parte dos militares que ali estava e nos bombardearam com perguntas.
O alojamento no BIA era miserável, as instalações cheias de lixo e restos de comidas espalhados por casernas, salas e bares, pelo que a primeira decisão da tarde foi varrer, limpar, assear o que se pudesse. Para instalar o pessoal das duas companhias.
Quem se podia alojar fora, fê-lo. Foi o meu caso e dos furriéis milicianos Monteiro e Neto, com este a «levar-nos» para a casa de um amigo e conterrâneo (Cruz), industrial de ferragens de Águeda que ao tempo morava em Viana, a poucos quilómetros do Grafanil e na Estrada de Catete. E que estava em Portugal com a família. Lá ficámos até 8 de Setembro, dia do regresso a Portugal.
A noite de Luanda, reporta o Diário de Lisboa, foi de «intenso tiroteio em plena centro de Luanda., pouco depois das 22 horas». Acrescentava o jornal vespertino de Lisboa, na edição do dia 3 de Agosto de 1975, referindo-se a esse tiroteio, que «a Polícia e o Exército Português cercaram de imediato o bairro donde provinham os tiros, mas sem efectuar qualquer prisão»
O conflito MPLA/ FNLA continuava a alastrar-se pelo território angolano e, embora com a situação estacionária no Caxito, registaram-se incidentes no Luso, Lobito Benguela, e Quibala e Gabela  - onde eu tinha familiares próximos e vários conterrâneos. Aqui, reportava a imprensa do dia, «face à onda de violência que se verificava nos arredores, a população quer(ia) abandonar a zona a todo o custo»
«Foi deslocada para a Gabela uma companhia de tropas portuguesas para dar a protecção necessária», noticiava o Diário de Lisboa.

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