Furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro - que amanhã festeja 64
anos, em Paredes (Porto). Aqui, fotografados na avenida do Quitexe
A 3 de Agosto de 1975, há precisamente 41 anos, «prevista a evacuação aérea das subunidades que não se deslocassem voa terrestre», como assinala o Livro da Unidade, «em duas levas de um DC6 e dois Nord Atlas, foi transportada a CCS e a 1ª. CVAV. 8423» para Luanda e deste aeroporto «para o aquartelamento do Batalhão de Intendência de Angola (BIA), no Grafanil».
Cavaleiros do Norte da CCS que voaram para Luanda, entre outros, a 3 de Agosto de 1975: 1º. cabo Rodolfo Tomás, furriel António Cruz, 1º. cabo António Pais e António Silva |
Luanda que, nesse domingo de há 41 anos, nos «recebeu» indiferente, com recolher obrigatório estabelecido (entre as 21 da noite e as 6 horas da manhã) e, no Grafanil, sem qualquer comida para os Cavaleiros do Norte. Foi cada um a desenrascar-se como pôde - os furriéis milicianos na messe de sargentos da Avenida dos Combatentes, já passava bem das duas horas da tarde e fomos comer o que sobrava do self-service do almoço. E onde fomos olhados com curiosidade e alguns desdém, da parte dos militares que ali estava e nos bombardearam com perguntas.
O alojamento no BIA era miserável, as instalações cheias de lixo e restos de comidas espalhados por casernas, salas e bares, pelo que a primeira decisão da tarde foi varrer, limpar, assear o que se pudesse. Para instalar o pessoal das duas companhias.
Quem se podia alojar fora, fê-lo. Foi o meu caso e dos furriéis milicianos Monteiro e Neto, com este a «levar-nos» para a casa de um amigo e conterrâneo (Cruz), industrial de ferragens de Águeda que ao tempo morava em Viana, a poucos quilómetros do Grafanil e na Estrada de Catete. E que estava em Portugal com a família. Lá ficámos até 8 de Setembro, dia do regresso a Portugal.
A noite de Luanda, reporta o Diário de Lisboa, foi de «intenso tiroteio em plena centro de Luanda., pouco depois das 22 horas». Acrescentava o jornal vespertino de Lisboa, na edição do dia 3 de Agosto de 1975, referindo-se a esse tiroteio, que «a Polícia e o Exército Português cercaram de imediato o bairro donde provinham os tiros, mas sem efectuar qualquer prisão».
O conflito MPLA/ FNLA continuava a alastrar-se pelo território angolano e, embora com a situação estacionária no Caxito, registaram-se incidentes no Luso, Lobito Benguela, e Quibala e Gabela - onde eu tinha familiares próximos e vários conterrâneos. Aqui, reportava a imprensa do dia, «face à onda de violência que se verificava nos arredores, a população quer(ia) abandonar a zona a todo o custo»
«Foi deslocada para a Gabela uma companhia de tropas portuguesas para dar a protecção necessária», noticiava o Diário de Lisboa.
Sem comentários:
Enviar um comentário