A vila do Quitexe, vista da torre da Igreja de santa Maria de Deus, em
foto de José Manuel Gonçalves. Aqui à esquerda, vêem-se as instalações
militares. Ao cimo (junto ao badalo), vê-se a administração civil
A primeira terça-feira de Abril de 1985 foi tempo de, através da imprensa, se saber em Luanda que «as Forças Armadas Portuguesas começaram já a prestar ao MPLA a mesma assistência militar que estavam a conceder aos outros dois movimentos de libertação» - a FNLA e a UNITA. Era dia 3 (não era dia 1 de Abril...) e a decisão decorrera das negociações que, em Lisboa, o presidente Agostinho Neto (do MPLA) tivera com Costa Gomes (o Presidente da República), o almirante Rosa Coutinho (antigo alto-comissário e agora membro do Conselho de Revolução) e o 1º. ministro Vasco Gonçalves.
Os Cavaleiros do Norte Cruz e Viegas, furriéis milicianos da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423, estavam por Luanda, em descansadas férias mas atentos ao dia-a-aia. Não lhes escapou, por isso, o sempre ameaçador «som» das rajadas de metralhadoras que a noite anterior deixou ouvir, vindas do Cazenza - onde «forças do MPLA e da FNLA trocaram tiros».
O Diário de Lisboa dessa tarde dá conta de «novas confrontações violentas na capital angolana» e recorda(va), por outro lado, «as duas centenas de mortos, muitos feridos e estropiados e inúmeros desaparecidos» da últimas semana. Nessa altura, ainda segundo o DL de 3 de Abril de 1975, «cerca da meia noite, do interior de uma viatura não identificada, partiram rajadas de metralhadora conta a delegação do MPLA do mesmo bairro» - o Cazenza.
Novidade maior, e melhor, era a de que tinha sido concluída «a troca de prisioneiros capturados pelos dois movimentos, durante os incidentes da semana passada». Os do MPLA, segundo os seus dirigentes, «apresentavam-se muito mal tratados».
Notícia do Diário de Lisboa de 3 de Abril de 1975, sobre o apoio das Forças Armadas Portuguesas ao MPLA |
Muito menos no (nosso saudoso...) Uíge, onde os Cavaleiros do Norte, determinados e garbosos, continuavam a sua missão de segurança de pessoas e bens. Ainda que muito incompreendidos e injustamente criticados pela comunidade civil branca europeia.
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