|
Furriéis milicianos Cavaleiros do Norte, alguns dos que foram transferidos a 2 de Abril de 1974: António Cruz (RM), Cândido Pires e Luís Mosteias (Sapadores), Francisco Neto (Rangers) e José Pires e Nelson Rocha (Transmissões) |
|
Ordem de Serviço nº. 77 do RC 4, de 2 de Abril de 1974, com a transferência de alguns furriéis milicianos Cavaleiros do Norte |
Há 42 anos, no dia 2 de Abril de 1974, a Ordem de Serviço nº. 77 do Regimento de Cavalaria nº. 2 (a unidade mobilizadora do Batalhão de Cavalaria 8423) publicava a transferência de um primeiro grupos de futuros furriéis milicianos, para a CCS dos Cavaleiros do Norte. E qual a razão? Ora, por «terem sido nomeados para servir no ultramar».
|
Cruz e Viegas, dois outros transferidos de 2 de Abril de 1974. Um ano depois, andavam ano em férias, no planalto huambano de Angola |
A página 3 do documento regista os seus nomes: António Cruz, Francisco Dias, José Carlos Fonseca, Manuel Machado, José Francisco Neto, José Monteiro e Celestino Viegas. Outros foram transferidos, em outras datas. Um ano e alguns dias depois, a 17 de Abril de 1975, dois deles (o Cruz e o Viegas) faziam férias africanas, por terras do Huambo angolano e nos melhores dos confortos - físico e espiritual. O processo descolonizador continuava, com a UNITA a manter-se «alheia aos embates entre o MPLA e a FNLA». Jonas Savimbi, seu presidente, deslocara-se a Dar-es-Salam e Lusaka, para conferenciar com os presidentes Julius Nyerere (Tanzânia) e Keneth Kaunda (Zâmbia) para, como noticiava o Diário de Lisboa, «defender a sua causa própria», a da UNITA (então com algumas dificuldades de aceitação pelos dirigentes africanos), e «procurar apoio para o seu movimento, como possível resolução para a rivalidade entre MPLA e FNLA».
Agostinho Neto, presidente do MPLA, coincidentemente e em separado, também se encontrou com aqueles dirigentes africanos, conferenciando sobre «os últimos acontecimentos em Angola».
Holden Roberto, presidente do MPLA, por seu lado, partira para uma idêntica viagem ao Médio Oriente e à Europa, procurando apoios. O seu principal apoio, recordemos, era do Zaire, presidido por Mobutu Seso Seko, seu cunhado.
A delegação da OUA/ONU foi recebida nesse dia, em Luanda, «com bastante frieza», apenas por um oficial português e o embaixador do Gabão no Zaire e «no meio de uma tempestade de protestos públicos e oficiais». Era chefiada por Abdul Farah, assistente de Kurt Waldheim, o secretário geral das Nações Unidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário