Viegas e Cruz, dois furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte, em férias
angolanas, há precisamente 41 anos. À esquerda, a messe de oficiais; à
direita, a Casa dos Furriéis do saudoso Quitexe
Luanda à noite, em foto de Henrique Oliveira (net). Os desafios das casas de diversão eram muitos, ao apetite dos jovens militares em férias, há 41 anos... |
É domingo e, num almoço de amigos, fala-se dos incidentes de Luanda, dias antes.
Quantos mortos?
Quantos feridos?
Falava-se em mais de uma centena de vítimas mortais, e muitos mais feridos, muitos mais..., mas ninguém sabe com rigor, nem as autoridades oficiais. Os números falados na imprensa pode(ia)m ser especulativos e, pela certa, pecando por defeito. A comunidade branca, a que vive na cidade do asfalto, a mais urbana e cosmopolita (principalmente europeia, ou dela originária...) começa a sentir-se inquietada. E engravidada de dúvidas!!! Para tal tinha boas/más razões!
O Katekero, onde se hospedaram o furriéis Viegas e o Cruz nas férias luandinas de Abril de 1975. Há 41 anos!!! |
«Será que isto vai dar para o torto?...», perguntou Albano Resende, o civil, amigo e conterrâneo, nesse almoço domingueiro do Abril de 1975.
Eu não sabia responder, é verdade, mas, a olho nu, era visível a fricção mortífera entre FNLA e MPLA - através dos seus braços armados, respectivamente o Exército de Libertação Nacional de Angola (o ELNA) e as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).
Jonas Savimbi, em digressão pelas capitais africanas, angariava apoio para a sua UNITA - movimento que, aparentemente, ganhava fôlego político no processo de descolonização. Melo Antunes, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, chegou a comentar, por essa altura, que a aliança MPLA/UNITA seria uma boa e a melhor solução. Isto é, a UNITA (que tardiamente tinha sido reconhecida pela Organização de Unidade Africana, a OUA) acabava por começar a ser o pêndulo da causa fratricida que enlutava Angola
Em Dar-es-Salam, os presidentes da Zâmbia, da Tanzânia e do Zaire, reunidos para apreciar a situação em Angola, tentavam «encontrar uma solução pacífica», alertando os movimentos de libertação para «divergências que tornam possível manobras do inimigo no país».
O rebocador "Quitexe", ancorado na baía de Luanda, fez-nos por momentos recordar a já então (Abril de 1975) vila que nos aquartelou entre Junho de 1974 e Março de 1975. Foto de Henrique Oliveira |
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