O comandante Almeida e Brito deslocou-se a Carmona, a 4 de Outubro de 1974, para mais uma reunião no Comando do Sector do Uíge (CSU), certamente para mais um encontro de preparação operacional. Ao tempo, recordemos, já havia «uma plataforma de entendimento» que, na prática, «levava à paragem das hostilidades entre as NT e a FNLA». Já não se realizavam, pois, operações no mato, mas nada como estar prevenido e certamente que os comandantes das Unidades tal não esqueciam.
O furriel miliciano José António Moreira do Nascimento, de Zalala, que hoje faz 64 anos nos Estados Unidos. Com o Santos, impedido da messe de oficiais, e o furriel miliciano Jorge Barreto |
A Guiné-Bissau e Moçambique já eram independentes, mas o caso de Angola parecia mais delicado, devido ao facto de os interlocutores prováveis (o MPLA, a FNLA e a UNITA) serem «três movimentos em armas». Se bem que «dois dos quais já tenham aceitado cessar-fogo tácito». Um deles, era a FNLA - que operava na zona de acção dos Cavaleiros do Norte. O outro era a UNITA.
O MPLA, entretanto e pela voz do presidente Agostinho Neto, preveniu que o seu movimento «não deporá as armas, caso as negociações não sejam estabelecidas com a vanguarda revolucionária» - o MPLA, claro (para ele). «Sem participação do MPLA, serão inúteis e equivaleriam à perpetuação da guerra de libertação de Angola», disse em Lusaka, onde conferenciara com o presidente Kenneth Kaunda. E onde condenou «as conversações com personalidades de Angola que haviam sido convidadas para Lisboa, sobre o futuro do território de Angola». Elas, as personalidades, sublinhou, «não tinham mandato do povo angolano para participarem em tais negociações».
António Flora, José Fernando Carvalho e Agostinho Belo, três furriéis milicianos de Santa Isabel, em imagem recente num momento de boa disposição |
Três «zalalas» milicianos; alferes Rosa e furriéis Aldeagas, Velez e Pinto no encontro de 2016 |
De Campala vinha algum optimismo, quanto à «possibilidade de um acordo entre os três movimentos de libertação, antes da independência,a 11 de Novembro». Como se sabe, tal não aconteceu e, ainda em Campala, a FNLA, segundo o Diário de Lisboa de 4 de Outubro de 1975, «procedeu a violento ataque» ao Presidente Idi Amin Dada (da OUA e do Uganda), acusando-o de «estar a envenenar a situação em Angola». E desmentiu-o da acusação de (a FNLA) «estar a receber auxílio de mercenários da África do Sul», no que foi acompanhada da UNITA, que também protestou declarações de Idi Amin Dada, que teria condenado «as tentativas da UNITA de pedir a Portugal para não conceder a independência a Angola e não entregar a esse território qualquer instalação naval ou aérea».
O dia 4 de Outubro de 1974 foi de aniversário de dois Cavaleiros do Norte: o capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes, comandante da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, onde apagou 27 velas; e o furriel miliciano José António Moreira do Nascimento, vagomestre da 1ª. CCAV. a de Zalala, que por lá festejou o 22º. aniversário.
O engº. José Paulo Fernandes, já aposentado, mora em Torres Vedras. O Nascimento está emigrado nos Estados Unidos.
Pa-ra-béns para ambos!
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