Furriéis milicianos José António Nascimento (vagomestre da 1ª. CCAV. 8423), José Lino (mecânico-auto da 3ª. CCAV.) e Plácido Queirós (atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV.) |
Os regedores, na administração portuguesa, eram a autoridade local das aldeias (sanzalas) e dispunham de milícias armadas (foto da net) |
O desarmamento, recordemos, começara a processar-se no dia 21 mas «não teve boa aceitação por parte dos povos», nomeadamente nos postos-sede (Quitexe) e Aldeia Viçosa. Sabia-se muito bem que «os apresentados e a FNLA vivem em contacto permanente, quase geral, há largos anos» e também que «salvo honrosas excepções, as milícias não tiveram actuações de vulto em defesa dos seus aldeamentos, mas mesmo assim, argumentam os povos que esses núcleos armados são a sua melhor defesa às acções de depradação e exigência do IN». O argumento, ainda segundo o Livro da Unidade, «é difícil de contrariar, já que é impossível garantir a sua vivência pacífica, pois as NT não chegarão para todas as situações que se lhes apresentem». Os receios dos regedores (e dos povos), porém, não teriam justificação, alegava o comandante Almeida e Brito, «se se puser em foco o anunciado cessar-fogo», muito embora «também nesse ponto, só o futuro o garantirá».
Aos regedores, nessa reunião de há 42 anos e provavelmente mo Clube do Quitexe, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias», o que, segundo o Livro da Unidade, «veio a acontecer, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro» desse ano de 1974.
Os milícias dos regedorados eram formadas por «homens válidos», alguns dos quais tinham servido o exército português e estavam armados com espingardas de repetição. A sua tarefa tinha a ver com a auto-defesa das sanzalas (aldeias) e não custa adivinhar as suas reticências em entregar as armas: tinham combatido sob a bandeira de Portugal e, compreensivelmente, temiam ser alvo de retaliações dos novos senhores do poder.
Notícia do Diário de Lisboa sobre a manifestação anti-Portugal, do MPLA, a 26 de Outubro de 1975 |
Os ataques partiram principalmente de Rui Monteiro, ministro da Informação de Angola, acusando Lisboa de se «alhear da invasão mercenária do sul de Angola e de todas as agressões que vêm sido lançadas do estrangeiro».
Rui Monteiro acusou Portugal de «retirar tropas das zonas controladas pelas forças do imperialismo, concentrando-as em Luanda e noutras áreas já libertadas pelo MPLA». E de permitir a publicação do jornal «O Retornado», em Portugal, que classificou como de «índole fascista, agredindo o povo angolano em todas as suas páginas».
O Alto-Comissário Português estava na manifestação, mas, segundo o Diário de Lisboa de 27 de Outubro, «nada acrescentou sobre o problema angolano». O almirante Leonel Cardoso, no entanto, reafirmou que «Angola será independente no dia 11 de Novembro». Faltavam 16 dias!
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