O furriel Viegas a ler o suplemento do jornal «Expresso», em 1974 e no varandim da Casa dos Furriéis. Leituras quitexanas! |
Aos 3 dias de Novembro de 1974, um domingo, o tempo foi de leituras do correio metropolitano, no sossego da Casa dos Furriéis e depois de mais um dia de serviço. Mudada a escala, na formatura das 8 horas da manhã, foi-se ao «mata-bicho» e banho, seguindo-se a releitura do correio da véspera (que se devorava intensamente, nele redescobrindo forças e entusiasmos para os novos dias que se seguiam) e dos jornais que chegavam ao Quitexe. Um deles, dava conta da abertura da Delegação da FNLA em Luanda, na Avenida do Brasil, «a parte mais nova da cidade, vizinha de dois dos mais populosos bairros populares, os mussseques Rangel e Cazenga», como relatava o vespertino Diário de Lisboa.
Futebol de há 42 anos: a 9ª. jor- nada do campeonato nacio- nal da 1ª. divisão (resultados, classificação e calendário) |
Pelo uíjano Quitexe - e por Zalala, e Aldeia Viçosa, e Santa Isabel, e LuísaMaria, e Vista Alegre, e Ponte do Dange, e o Liberato, que fazia malas para Nova Lisboa... - continuava «a viver-se o clima de cessar-fogo estabelecido no mês anterior».
A tarde desse domingo teve tempo para ouvir os relatos do futebol português, através da onda curta da Emissora Nacional (a actual RDP) - com FC Porto e Benfica na frente da 1ª. divisão, com 14 pontos. Os azuis nortenhos empataram (1-1) em Setúbal, nessa tarde, e o Benfica recebeu e derrotou (3-0) o Guimarães. O Sporting foi empatar (1-1) ao campo do Leixões. Ver a imagem, ao lado. Os jogos, lembram-se?, eram todos às 3 da tarde!
Alguns desses clubes andam agora por divisões inferiores do futebol português, nas distritais: o Sporting de Espinho, na Associação de Futebol de Aveiro, e União de Tomar na de Santarém. Leixões, Olhanense e Académico(a) de Coimbra andam na 2ª. Liga. O Oriental, Leixões, Farense e Fabril do Barreiro (então CUF e depois Quimigal) no Campeonato de Portugal (a 3ª. divisão nacional).
Um ano depois, uma segunda-feira, os Cavaleiros do Norte iam já para o final do segundo mês do regresso e Angola continuava semeada de dúvidas. As negociações de Campala não produziram nada de especialmente relevante e as desejáveis tréguas não se vislumbraram.
«A Luanda chegam notícias de confrontações armadas nas três frentes, o que desmente a anunciada trégua em todo o território», reportava o Diário de Lisboa de 3 de Novembro de 1975.
A escassos 8 dias da independência, o mesmo jornal noticiava, em serviço do Diário de Luanda e das agências Reuters, France Press e ANOP, que «nenhum elemento do Governo Português estará presente nas comemorações da independência» - ao contrário do que acontecera em outras ex-colónias.
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