Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, de Santa Isabel, na actualidade: os ex-furriéis milicianos António Flora, José Fernando Carvalho e Agostinho Belo |
O mês de Novembro de 1974 foi tempo de alguns «contactos com as autoridades, por parte de elementos dispersos da FNLA, agora já nas categorias elevadas da sua chefatura». Contactos com os comandos do BCAV. 8423. Aos quatro dias, fora o (in)esperado encontro do PELREC com combatentes que aparentemente ainda desconheciam o acto revolucionário do 25 de Abril (e nunca saberemos se sabiam, ou não..., na altura dizendo-nos que não sabiam!) e também um encontro na Fazenda Santa Isabel.
A 16 do mesmo mês, hoje se fazem 42 anos, alguns quadros regionais do movimento de Holden Roberto foram recebidos pelo capitão José Paulo Falcão, então comandante interino do BCAV. 8423. O seu estado de saúde não nos permite saber pormenores deste encontro, na medida em que a suja memória os «arquivasse». Lamentavelmente, de tal está impossibilitado, retido no leito da sua casa em Coimbra. As melhoras para um Cavaleiro do Norte dos maiores!
Banditismo e não guerrilha
Angola, por essa data, vivia o problema de Cabinda - para onde se deslocara Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa, dando conta que «está a ser levada a cabo uma operação das Forças Armadas Portuguesas, para desalojar o grupo armado denominado da FLEC» - que numa posição militar estratégica, junto à fronteira com o Congo Brazzaville, tinha 15 reféns.
Rosa Coutinho tinha-se deslocado ao Enclave de Cabinda e considerava «inadmissíveis as exigências formuladas pela FLEC e os TE».
«E da responsabilidade das Forças Armadas Portuguesas manter a integridade do território durante o processo de independência», disse Rosa Coutinho, classificando de «actos de puro banditismo e não de guerrilha os incidentes de Cabinda».
Ao tempo, corria nos meios militares a versão de que o golpe fazia parte de um plano para «evitar uma efectiva independência de Angola», que teria, segundo o Diário de Lisboa, «a participação de mercenários e antigos elementos da ex-PIDE/DGS, ao que julga dirigidos por um ex-oficial francês».
Diário de Lisboa de 16 de Novembro de 1975: «Há banditismo e não guerrilha em Cabinda». titulava o jornal |
600 mortos da FNLA
Um ano depois, o Diário de Lisboa reportava que «os invasores da FNLA, auxiliados por mercenários portugueses, tiveram de retirar ao longo de toda a linha Caxito/Barra do Dange/Libongos, situando-se agora o seu reduto no Ambriz onde estabeleceram fortes defesas».
«Depois das tentativas realizadas nos dias 7 e 10 de Novembro, para tomar Luanda, as forças atacantes foram totalmente rechaçadas pelas FAPLA, sofrendo 600 mortos e perdendo 8 blindados, para além de muito outro material de guerra», acrescentava o jornal vespertino de Lisboa, que eu, então, avidamente lia todos os fins de tarde, para saber novidades de Angola.
Um dos 600 mortos desses combates foi «o comandante do destacamento de blindados da FNLA, o mercenário português tenente Pais, ex-elemento da Força Aérea Portuguesa». Assim noticiava o Diário de Lisboa, na pena do jornalista Eugénio Alves, enviado especial a Angola.
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