CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

3 581 - Dois novos Cavaleiros do Norte e o primeiro Governo de Angola!

Cavaleiros do Norte da 2ª. CAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, todos milicianos:
alferes Domingos Carvalho de Sousa e furriéis João António Piteira Brejo,
António Artur César Monteiro Guedes e Mário Augusto da Silva Matos 

O furriel José Maria Freitas Ferreira num
 momento de animação musical, em Aldeia
 Viçosa, na 2ª. CCAV. 8423

O mês de Novembro de 1974 - já lá vão 42 anos!!!... - foi tempo de chegada de dois novos Cavaleiros do Norte: o furriel miliciano Mário J. R. Soares, atirador de Cavalaria (destinado à 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e do capitão miliciano José Manuel Cruz ), e o soldado cozinheiro Carlos J. F. Gomes (para a CCS do capitão SGE António Martins de Oliveira, aquartelada no Quitexe). 
O Mário Soares, aparentemente, substituiu o também furriel miliciano José Maria Freitas Ferreira, atirador de Cavalaria que, vítima de um acidente em serviço, no decorrer de um patrulhamento, acabou por ser transferido para Luanda e reclassificado como amanuense. 
Manuel Neves Amaral, o Bolinhas (à direita), que hoje
 faz 64 anos em Penacova, aqui  acompanhado pelo
 filho e pelo furriel miliciano Jorge Barreto (de barbas e
 à esquerda), no encontro da Póvoa do Lanhoso, a
 14 de Novembro de 2015. Há um ano!
O acidente tinha ocorrido a 1 de Julho desse ano (1974), quando fazia um patrulhamento e o Unimog se despistou numa curva do Quibaxe, caindo por uma ravina. Bem alta. O condutor e o Freitas Ferreira rebolaram por ela abaixo, tendo este partido uma perna e clavículas. Reclassificado contra a sua vontade, foi para Luanda - onde acabou a comissão. Actualmente, é profissional da área da contabilidade, auditoria e consultadoria fiscal, morando em Costa (Guimarães). 
O cozinheiro Carlos Gomes passou-nos «despercebido» na CCS e dele não guardamos, infelizmente, qualquer memória - sendo certo que não regressou a Portugal com a Companhia. Não consta da lista publicada na respectiva Ordem de Serviço.
O dia foi também de calma, em Luanda, mas, em Cabinda (para onde partiu Rosa Coutinho) continuava o sequestro e ocupação de uma guarnição militar portuguesa, por antigos elementos, revoltosos, das Tropas Especiais (TE), organização que o Diário de Lisboa identificava como «organização intimamente ligada à FLEC». Receava-se pela vida dos 15 reféns e, daí, as dúvidas quando a uma intervenção militar.
Notícia do Diário de Lisboa de 15 de
Novembro de 1975: «Em Angola || Primei-
ro Governo de unidade popular»

O 1º. Governo 
de Angola

Um ano depois, com Angola já independente (desde o dia 11), era anunciado «o primeiro Governo de unidade popular». 
Era liderado pelo 1º. Ministro Lopo do Nascimento e incluía os ministros José Eduardo dos Santos (Negócios Estrangeiros), Iko Carreira (Defesa), David Aires Machado (Trabalho), Mário Afonso de Almeida (Saúde), António Jacinto (Educação), Diógenes Boavida (Justiça), Nito Alves (Administração Interna), Carlos Rocha Dilowa (Planeamento e Coordenação Económica), Maria da Conceição Vahekeny (Assuntos Sociais) e José Filipe Martins (Informação). E os Secretários de Estado Alberto Bento Ribeiro (Comunicações), Augusto Lopes Teixeira (Energia e Indústria), Saidy Mingas (Finanças), José Victor de Carvalho (Pescas) e Carlos Fernandes (Agricultura). A Obras Públicas, Habitação e Transportes ficaram sob responsabilidade do 1º. Ministro.

Situação militar

Os combates entre as forças do MPLA (as FAPLA) e as da FNLA (o ELNA) e a UNITA (as FALA) continuavam há 41 anos e, a 15 de Novembro, soube-se das primeiras notícias do «nosso» Uíge. 
«A ofensiva vitoriosa das FAPLA mantém-e Úcua, ponto estratégico situado a meio do caminho entre Luanda e Carmona, foi libertado e toda a chamada «rota do café» está sob controlo do braço armado do povo angolano», reportava o Diário de Lisboa.
AS FAPLA, ainda seguindo o DL de 15 de Novembro de 1975, «progrediram, assim, até 340 quilómetros de Luanda ameaçando os principais redutos da FNLA e preparando um «anel» que isolará Ambriz e preparará a queda de Carmona».
Estes 340 quilómetros parecem-nos exagerados: a terem esta progressão, tal significaria que as FAPLA já estariam na capital do Uíge. Ora, a distância da capital à agora cidade do Uíge (antiga Carmona) é de 286 quilómetros, como confirmámos AQUI.
A Frente de Nova Lisboa registava o reforço do cerco à cidade. «As FAPLA dominam Cela, onde destroçaram as forças da UNITA», noticiava o Diário de Lisboa, acrescentando que «esta manhã, em Luanda, foram apresentados, à imprensa nacional e estrangeira, mercenários e elementos do ELP».

22 anos do Bolinhas

A 15 de Novembro e ainda pelas terras uíjanas de Zalala, fez 22 anos o soldado atirador Manuel Neves Amaral, que a guarnição da 1ª. CCAV. 8423 popularizou como Bolinhas. Até aos dias de hoje.
Por lá, foi cozinheiro e/ou padeiro, imortalizando as suas apetências para estas duas áreas gastronómicas, tão importantes como eram para a malta do capitão miliciano Davide Castro Dias. 
Agora aposentado, goza as delícias deste tempo privilegiado de vida pelas bandas da sua natal Penacova - na Quinta dos Penedos - e é um bem disposto participante habitual dos encontros da 1ª. CCAV. 8423.
Parabéns!

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