Vista Alegre e o aquartelamento da 1ª. CCAV, 8423, a que foi de Zalala.
A 26 de Novembro de 1974, a localidade foi palco de um comício da FNLA
Vista Alegre, a 26 de Novembro de 1974, foi cenário de um comício da FNLA. «Um comício de metalização das populações, certamente tendente a procurar anular a influência local e da área que o MPLA possui», como refere o Livro da Unidade, do BCAV. 8423.
Ao tempo, e com a 1ª. CCAV. 8423 já lá (e em Ponte do Dange) totalmente instalada, ida da mítica Fazenda de Zalala, vivia-se «o clima de cessar-fogo estabelecido no mês anterior».
Cantina de Vista Alegre, à entrada da porta de armas do quartel e ainda com os matraquilhos na varanda. Foto de Carlos Ferreira (1º. cabo), a 1 de Dezembro de 2012 |
Tais contactos, ora no Quitexe (onde estava instalado o Comando dos Cavaleiros do Norte, do tenente-coronel Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, e a CCS, do capitão António Martins de Oliveira, SG) e Aldeia Viçosa (a 2ª. CCAV. 8423, do capitão miliciano José Manuel Romeira Pinto da Cruz), ora em Vista Alegre, é que, ainda segundo o Livro da Unidade, «permitiram a realização» do tal comício - naturalmente, «já em fase mais adiantada» de tais contactos. Contactos que, muito provavelmente e no caso de Vista Alegre, já teriam sido iniciados no período de aquartelamento da CCAÇ. 4145/72, que, na práticas, os Cavaleiros do Norte de Zalala tinha rendido nos dias anteriores, numa operação concluída precisamente na véspera (25).
Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi, presidentes, respectivamente, da FNLA, MPLA e UNITA |
Movimentos sem
uma frente unida
Angola, a esse tempo, vivia vivia diferenças que não aproximavam, antes separavam os movimentos de libertação. E assim não seria fácil a plataforma política que negociaria com Portugal - o país colonizador.
Notícias de Angola, na última página do Diário de Lisboa de 26 de Novembro de 1974 |
O presidente Neto denunciou a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) como «uma organização separatista e movimento anti-nacional». «Depois do 14 anos de luta, não consentiremos que Cabinda, parte integrante do território angolano, nos seja retirada», afirmou o líder do MPLA, também denunciando, num outro prisma, «as forças reaccionárias que, dentro do país, querem provocar o caos económico».
Sobre «as contradições internas» do (seu) MPLA, afirmou que se tratava de «um problema vindo do exterior» e que «internamente «está unido», referindo que «Chipenda e o seu grupo trabalham agora com a FNLA e por este facto estão excluídos do movimento».
FNLA, UNITA e
Soares de... acordo
A 26 de Novembro de 1974, a FNLA e a UNITA anunciaram, em Kinshasa, a assinatura de um acordo para pôr termos às suas divergências e instaurando «uma cooperação e uma assistência mútua, ara fazer frente a qualquer eventualidade extremista, vinda de qualquer lado».
O acordo foi assinado pelos dois presidentes: Holden Roberto, da FNLA, e Jonas Savimbi, da UNITA, na mesma data em que, também em Kinshasa e depois dessas conversações, Mário Soares, ministro português dos Negócios Estrangeiros, garantia, em declarações à France Press, que «falamos a mesma linguagem».
«Estamos de acordo quanto à maneira como devem ser abordados os problemas de Angola e encontrei neles compreensão e abertura de espírito», disse Mário Soares, sublinhando que «o Governo provisório que será constituído, deverá ser formado por diferentes movimentos nacionalistas» e que, para o efeito «decidimos fazer uma mesa redonda na primeira quinzena de Dezembro».
- SANTA ISABEL: O dia foi de festa de anos em Santa Isabel, fazenda onde se aquartelava a 3ª. CCAV. 8423, então já em vésperas de rodar para o Quitexe.
O aniversariante foi o 1º. cabo Adriano Martins de Oliveira, apontador de morteiros. Era natural da Areosa, no Porto, e dele se perdeu o «rasto». Onde estiver, parabéns!
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