A Fazenda Santa Isabel. Na imagem, o 1º. cabo Manuel Quaresma da Silva, apontador de morteiros, Era de Cacia, em Aveiro, onde faleceu a 4 de Junho de 2004, vítima de doença no estômago. RIP! |
A rotação do BCAV. 8423 estava em andamento e apenas faltava a saída da 3ª. CCAV. 8423 da Fazenda Santa Isabel, que se previa para os primeiros dias de Dezembro de há 42 anos. Seria concluída a 10 e para o Quitexe.
O processo de descolonização de Angola estava em permanente actualização e, à partida de Lisboa para Luanda, o presidente da Junta Governativa e próximo Alto Comissário, o almirante Rosa Coutinho, admitiu como «muito provável a realização de uma cimeira entre os três movimentos de libertação». Em Portugal, disse, «e ainda este ano».
O objectivo, como sublinhou, era «para exactamente se estudar e se fixar a plataforma de entendimento necessária para a formação do Governo de Transição de que Angola está à espera».
As negociações prosseguiam em outras capitais: Mário Soares, o ministro dos Negócios Estrangeiros, esteve em Tunis (Tunísia) e Kinshasa (Zaire) e Melo Antunes em Argel (Argélia), ambos «em missões relacionadas com o processo de descolonização».
Uma televisão
para Angola
Rosa Coutinho era portador, nesta viagem de Lisboa para Luanda, de uma interessante notícia: a da criação da televisão de Angola.
O decreto de promulgação já tinha sido assinado pelo então Presidente da República, o general Costa Gomes, e, sublinhou o (próximo futuro) Alto Comissário, «agora só depende da capacidade de montagem dos técnicos e até dos administrativos que têm de constituir a sociedade, cuja maioria de capital será do Estado».
Rosa Coutinho, avisadamente, todavia, não se comprometia com prazos: «Talvez para os princípios do próximo ano Angola comece a ter a sua televisão, em moldes absolutamente iguais aos de qualquer país civilizado», disse o almirante.
O capitão Tojal de Meneses, comandante da CCAÇ. 5015, e o furriel Américo Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Imagem de 2012 e em Vila Nova de Famalicão |
Anos do capitão
Tojal de Meneses
A 1ª. CCAV. 8423 concluiu, a 25 de Novembro de 1974, a sua rotação de Zalala para Vista Alegre e Ponte do Dange. E saiu daqui a 24 de Abril de 1975, rodando para o Songo - onde substituiu a 1ª. CCAÇ. 5015.
A Companhia de Caçadores era comandada pelo capitão miliciano Manuel Diamantino Tojal de Meneses e tinha jornadeado por Chimango e Lucunga, antes de chegar ao Songo. Dela fazia parte um primo do furriel miliciano Américo Rodrigues, Cavaleiro do Norte atirador de Cavalaria de Zalala - mas, caprichosamente, não se encontraram por lá.
O capitão Tojal de Meneses é agora professor doutorado e investigador do Centro de Estudos de Língua, Comunicação e Cultura do Instituto Superior da Maia (IAMAI) e hoje está em festa de aniversário. Parabéns!
José Tavares Pires |
Zé Pires, um
soldado do Quitexe
José Tavares Pires, um antigo combatente do Quitexe e conterrâneo do editor deste blogue (em Ois da Ribeira, Águeda), faleceu ao princípio da noite de ontem, no Hospital Distrital de Aveiro e vítima de doença.
O Zé Pires, como sempre foi conhecido, foi condutor da CCS do BCAÇ. 2873, que a 19 de Maio de 1969 chegou ao Quitexe e de lá saiu para Catete em finais de Outubro de 1970. Até ao final da comissão, quando regressou a casa para conhecer o seu filho mais velho - que nascera cá e ele andava pelas terras uíjanas.
Há poucos dias, muito poucos mesmo..., uma vez mais nos achámos a falar do Quitexe, de onde, cada um no seu tempo, ambos saímos com saudades que perduram até hoje.
«Sabes onde era o talho?!...», perguntou-me, a ironizar sobre a questão. É que, no tempo dele, o tempo da CCS do BCAÇ. 2873, era na traseira de um carro que se abatiam os animais. Qual talho, qual quê?!
Faleceu ontem, aos 69 anos, deixando viúva Maria Isolete Soares de Almeida e três filhos (Helder Manuel, Ernesto Fernando e Hernâni José), noras e netos. O funeral está marcado para amanhã, às 16 horas, da capela mortuária para o cemitério paroquial desta nossa terra comum, de chãos que ambos pisa(á)mos com paixão. RIP!!!
- Ver «Dois tipos de Ois da
Ribeira no Quitexe», AQUI
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