Cavaleiros de Norte de Zalala, todos furriéis milicianos e em Junho de 2012. Em cima, Américo Rodrigues, Mota Viana, Eusébio Martins e Manuel Pinto. Sentados Bar- reto, Queirós e João Dias |
O sábado de há 44 anos, dia 28 de Dezem-
bro de 1974, foi tempo de diferenças in-
ternas do MPLA, que levaram à expulsão do presidente Agostinho Neto, anunciada pela Facção Chipenda. Valesse isso o que valesse. E valeu.
Hoje, pegamos numa crónica do furriel mi-
liciano Américo Rodrigues, que foi Cava-
leiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Za-
lala, e que prematuramente já partiu deste mundo físico, vítima de doença, a 30 de Agosto de 2018.
A crónica do repórter Américo Rodrigues é esta, em tempos de guerra e historiando um momento de estranheza capilar:
Ida ao barbeiro
para cortes especiais
Um dia resolvemos cortar o
cabelo. Claro que em Zalala, longe de um possível, imprevisível ou provável
olhar do comandante Almeida e Brito, pois sabíamos perfeitamente a
disciplina que nos era imposta e que tínhamos sempre de cumprir com o aprumo na
nossa apresentação.
Caso contrário, já podíamos contar as devidas sanções, já que
ele não perdoava a ninguém nem admitia desculpas.
Olha se ele nos apanhava assim! Nem quero imaginar onde iríamos parar.
Como este foi um daqueles dias
de liberdade, (sem serviços) e, como tal, dia para as respectivas e habituais «maluquices
de Zalala», que fomentavam as amizades e a união, que nos ajudavam, a todos, a matar
o tempo e a esquecer o resto, combinámos os quatro cortar o cabelo.
Momento festivo: os furriéis milicianos Rodrigues e Pinto |
Corte sem catálogos
ou mostras de moda !
Solicitámos
os serviços do barbeiro da companhia e da sua famosa máquina de cortar.
(máquina desse tempo, que era manual). Não lhe pedimos catálogos ou fotos de penteados
da moda, porque isso não existia. Cada um foi designer a seu gosto.
O Américo Joaquim da Silva Rodrigues
optou por cortar o cabelo dos lados e a meio da cabeça.
O Eusébio Manuel Martins cortou o
cabelo à Santo António, rapado por cima e deixando o resto por baixo.
O Jorge António Eanes Barata,
já prevendo o desfecho desta iniciativa, rapou logo a cabeça. Todinha...
O Plácido Jorge de Oliveira Guinarães Queirós fez um
corte de «apache»...
Assim passámos a tarde desse dia, porque, no final da dita, lá
voltou o barbei-
ro, para nos fazer outro corte como o do Barata: cabeça rapada,
não fosse o nosso capitão Castro Dias dar com a transformação dos cortes ou
penteados e, por tabela da disciplina militar,nos aplicar os respectivos
castigos.
- NOTA: Aqui fica a nossa homenagem, em memória do querido amigo Américo Rodrigues, com uma sua crónica, escrita em 2011. Até já, amigo!
Barros de Zalala, 66
anos em Coimbra !
O 1º. cabo Rui Barros, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 66 anos a 29 de Dezembro de 2018.
Rui António Ferreira Barros foi atirador de Cavalaria e inte-
grou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes mili-
ciano Carlos João Sampaio, com os furriéis milicianos Eusébio Martins, Mota Viana (depois João Rito) e Plácido Queirós.
O seu nome não consta da relação da 1ª. CCAV. 8423 que a 9 de Setembro de 1975 desembarcou em Lisboa. Nem nas de qualquer uma das outras três Com-
panhias do BCAV. 8423. Julgamos saber que residirá na área de Coimbra. Onde quer que esteja, para ele vão os nossos parabéns!
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