CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 23 de março de 2021

5 377 - A Polícia de Unidade (Militar) em Carmona, em 1975! A hostilidade da comunidade civil!


Quatro furriéis Cavaleiros do Norte, ainda 1º.s  cabos milicianos e
no RC4, em Santa Margarida: António Carlos Letras, José Louro,
Victor Costa (atrás e de pé) e João António Brejo (sentado)

O alferes miliciano João Machado na entrada de Duque
de Bragança, numa excursão da 2ª. CCAV. 8423 às fa-
mosas quedas de água  desta vila angolana

A mudança dos Cavaleiros do Norte da Companhia de Comando e Serviços (a CCS, do Quitexe) e da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa) do BCAV. 8423 para Carmona, iniciada a 2 de Março de 1975, «levou à necessidade de promulgação de novas NEP, ou alteração das mesmas», como revela o livro «História da Unidade», acrescentando que «a situação de Carmona levou à necessidade de execução de um serviço de PM nas ruas da cidade».
O objectivo era, ainda segundo o «HdU», «garantir a melhor apresentação do pessoal militar, sobretudo com vista a procurar, através deste meio, prever a resolução das muitas quezílias existentes entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a estas».
Animosidade que era bem visível e bem sentida pela guarnição, que vulgarmente era ofendida na sua honra nas ruas, bares e restaurantes ou cinemas da cidade - havendo, da parte dos comandos militares, o aconselhamento rigoroso para que não reagíssemos a quaisquer provocações. 
E foram muitas, exageradamente muitas e muito pouco simpáticas!
A comunidade civil, insatisfeita com a evolução política do processo de independência de Angola, atirava culpas para cima da tropa, que acusava de não defender os seus interesses - fosse eles quais fossem. Era lamentavelmente muito vulgar que nos apontassem os dedos e, por exemplo, nos chamasse, cobardes e traidores. E isso nunca fomos! Como os trágicos primeiros dias de Junho desse ano de 1975 viriam a mostrar! Se tal fosse preciso! Se antes e depois a acção primária da guarnição não fosse operacionalizar a segurança da cidade, de pessoas e de bens! E de todos os equipamentos básicos: hospital, água electricidade, bens alimentares, comunicações e transportes! Tudo!
Notícia do Diário de Lisboa de 23 de Março de 1975,
sobre os incidentes de Luanda, entre MPLA e FNLA

Tiroteio em Luanda
e tropa sem intervir

A madrugada de 23 de Março de 1975, um domingo, foi tempo de «tiroteio em Luanda, entre as forças do MPLA e da FNLA». Os recontros já se tinham iniciado no dia 21 (a sexta-feira anterior) «em bairros suburbanos, provocando já 11 mortos, entre os quais se encontra(va)m dois civis».
Os dois movimentos tinham chegado a acordo, ao fim da tarde de véspera (sábado, dia 22), «no sentido de fazer recolher as suas tropas aos respectivos aquartelamentos», mas, reportava o Diário de Lisboa desse dia 23 de há 42 anos, «recomeçaram esta manhã, particularmente nos Bairros Cazenga, Marçal, Sambizanga e Vila Alice». Além disso, «houve intenso tiroteio em toda a zona suburbana, a partir da avenida do Brasil».
A tropa portuguesa não interveio, explicando o tenente-coronel Heitor Almendra, comandante do Sector de Luanda, que «os incidentes são uma questão entre os movimentos, recusando-se a intervir», o que, na opinião do DL, «poderá fazer perigar o cumprimento do Acordo do Alvor, em que Portugal também é parte interessada».
O Conselho de Defesa, presidido pelo Alto Comissário Silva Cardoso, general português, reuniu na tarde desse domingo, para se «ocupar da crise».
Victor Francisco, do
PELREC, em 1974

Francisco, atirador do PELREC,
69 anos na Marinha Grande

O atirador de Cavalaria Victor José Ferreira Francisco comemora 69 anos a 23 de Março de 2017. Precisamente hoje!
Combatente dos Cavaleiros do Norte do PELREC da CCS do BCAV. 8423, foi militar sem medos, sem medos e sempre disponível, para o desse e viessa - fosse no aquartelamento,
Francisco em 2013
fosse nas operações pelas matas uíjanas, ou em escoltas, patrulhas ou quaisquer outros serviços.
Militar disciplinado e rigoroso no cumprimento dos seus
deveres, nunca disse não a qualquer missão, fosse qual fosse. E onde fosse: na mata, na cidade, no quartel. Sempre na frente.
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e fixou-se na sua terra natal da Marinha Grande, onde fez vida profissional como operário vidreiro, agora já aposentado. É para lá que vai o nosso abraço de parabéns! E com o desejo de que aos 65 se somem muitos e bons anos de vida!

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