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O 1º. cabo Carlos Alberto Ferreira foi mecânico de armamento da 1ª. CCAV, 8423 e, em depoimento escrito, quis falar de Zalala, a mítica «mais dura escola de guerra».
«Estou e vivo em Moçambique, natura-lizado moçambicano e com família mo-çambicana. Não esqueço aquele período de camaradagem e fortes amizades, de desconforto e confortos», comentou o Carlos Fereira, que é natural de Alber-
garia-a-Velha e, já em Portugal, esteve activamente ligado ao movimento revolu-
cionário armado.
Falou (escreveu) de Zalala:
«ZALALA era um buraco e a anti-tese, longe de tudo o que se estava a passar e estavam a pas-
sar-se coisas fantásticas, de importância his-
tórica, e transformações profundas na vida do nosso país e nas então colónias.
Estávamos ausentes e passivos, dos movimentos e decisões do MFA da altura (apesar de eu ter sido eleito para a comissão do MFA da compa-
nhia, com o dedo do capitão Davide Castro Dias sem qualquer efeito), e na produção de uma nova sociedade.
Nós, soldados (cabo ou soldado era na prática igual), não tínhamos recursos. Um soldado ganhava cerca de 8 euros por mês e alguns casados e com filhos, e a falta de informação era um problema muito grande.
O capitão Castro Dias recebia alguns jornais, como o Expresso, e lembro-me de andar à volta desses jornais, depois de lidos, como cão atrás de osso. Por muitas vezes, era ele quem os dava, outras vezes era o Tininho, soldado dos oficiais, que trazia quando podia e queria.
Fazíamos recortes do que achávamos mais importantes, para o pessoal ler, tipo jornal de caserna. Principalmente na informação da organização e existência dos partidos da altura. Nunca soube se isso teve alguma importância para as pessoas visadas.
É necessário recordar a miséria económica e cultural dos soldados, no geral, dos quais uns 35 a 40% eram analfabetos.
Quero enviar um grande abraço, se aceitarem, para as pessoas que lembro e outras que não lembro, terem tido espaço na minha existência da altura e importância para mim, por quem tenho amizade: os furriéis Manuel Dias (mecâ-
nico), o Plácido Queirós (meu chefe directo), Pinto (bom tipo), o Barreto (da enfermaria, muito curtido) e o Aldeagas (alentejano), quase todo o pessoal das transmissões, cozinheiros, cabos mecânicos e condutores, outros furriéis e soldados meus amigos da altura. Um abraço para todos.
Recordo especialmente, com estima e gratidão, o capitão Castro Dias, com que agia bastante e por quem tenho grande consideração. Foi buscar-me a sítios onde estava injustamente, considero eu, apenas por capricho de um oficial padreco. Sítios que posteriormente viria a conhecer melhor, noutro contexto, e que não desejo a ninguém».
Carlos Alberto Ferreira, 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro, dixit.
Novo, 1º. cabo de Zalala, 66
anos em Oliveira do Bairro!
O 1º. cabo Novo, foi apontador de morteiros médios da 1ª. CCAV. 8423 e está hoje em festa natalícia, dia 20 de Abril de 2018: comemora 66 anos!
Manuel de Almeida Novo foi Cavaleiro do Norte de Zalala e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. A Paraduço, lugar da freguesia de Calde, em Viseu. Segundo nota do furriel miliciano João Dias, reside agora Oliveira do Bairro, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
O 1º. cabo Carlos Alberto Ferreira foi mecânico de armamento da 1ª. CCAV, 8423 e, em depoimento escrito, quis falar de Zalala, a mítica «mais dura escola de guerra».
«Estou e vivo em Moçambique, natura-lizado moçambicano e com família mo-çambicana. Não esqueço aquele período de camaradagem e fortes amizades, de desconforto e confortos», comentou o Carlos Fereira, que é natural de Alber-
garia-a-Velha e, já em Portugal, esteve activamente ligado ao movimento revolu-
cionário armado.
Falou (escreveu) de Zalala:
O 1º. cabo Carlos Ferreira à porta do depósito de material de guerra de Vista Alegre (1975) |
«ZALALA era um buraco e a anti-tese, longe de tudo o que se estava a passar e estavam a pas-
sar-se coisas fantásticas, de importância his-
tórica, e transformações profundas na vida do nosso país e nas então colónias.
Estávamos ausentes e passivos, dos movimentos e decisões do MFA da altura (apesar de eu ter sido eleito para a comissão do MFA da compa-
nhia, com o dedo do capitão Davide Castro Dias sem qualquer efeito), e na produção de uma nova sociedade.
Nós, soldados (cabo ou soldado era na prática igual), não tínhamos recursos. Um soldado ganhava cerca de 8 euros por mês e alguns casados e com filhos, e a falta de informação era um problema muito grande.
O capitão Castro Dias recebia alguns jornais, como o Expresso, e lembro-me de andar à volta desses jornais, depois de lidos, como cão atrás de osso. Por muitas vezes, era ele quem os dava, outras vezes era o Tininho, soldado dos oficiais, que trazia quando podia e queria.
Fazíamos recortes do que achávamos mais importantes, para o pessoal ler, tipo jornal de caserna. Principalmente na informação da organização e existência dos partidos da altura. Nunca soube se isso teve alguma importância para as pessoas visadas.
É necessário recordar a miséria económica e cultural dos soldados, no geral, dos quais uns 35 a 40% eram analfabetos.
Picada para Zalala, foto do 1º. cabo Carlos Ferreira, DE 15 de Dezembro de 2012 |
nico), o Plácido Queirós (meu chefe directo), Pinto (bom tipo), o Barreto (da enfermaria, muito curtido) e o Aldeagas (alentejano), quase todo o pessoal das transmissões, cozinheiros, cabos mecânicos e condutores, outros furriéis e soldados meus amigos da altura. Um abraço para todos.
Recordo especialmente, com estima e gratidão, o capitão Castro Dias, com que agia bastante e por quem tenho grande consideração. Foi buscar-me a sítios onde estava injustamente, considero eu, apenas por capricho de um oficial padreco. Sítios que posteriormente viria a conhecer melhor, noutro contexto, e que não desejo a ninguém».
Carlos Alberto Ferreira, 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro, dixit.
Novo, 1º. cabo de Zalala, 66
anos em Oliveira do Bairro!
O 1º. cabo Novo, foi apontador de morteiros médios da 1ª. CCAV. 8423 e está hoje em festa natalícia, dia 20 de Abril de 2018: comemora 66 anos!
Manuel de Almeida Novo foi Cavaleiro do Norte de Zalala e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. A Paraduço, lugar da freguesia de Calde, em Viseu. Segundo nota do furriel miliciano João Dias, reside agora Oliveira do Bairro, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
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