Os furriéis Cruz e Viegas na placa ajardinada central da avenida do Quitexe, em 1974 |
Cruz e Viegas em 2017 |
Sábado de Aleluia de 1975, dia 29 de Março de 1975!!!
Era tempo de Páscoa, mas as notícias das vésperas andavam grávidas de matanças pelos lados de Luanda. Era para lá que, na segunda-feira seguinte, os furriéis Cruz e Viegas têm viagem de férias programada, mas nem por um momento pensaram adiá-la. Foi mesmo antecipada para Domingo de Páscoa, valha a verdade. E lá fomos!
A jantarada de «despedida» foi no Escape, o restaurante de uma das esquinas da bem movimentada Rua do Comércio - a dois passos da praça da ZMN, Câmara, Correios e Tribunal da cidade - e, ao tempo, a grande «coqueluche» gastronómica carmoniana, que, na nossa visita de 24 e 25 de Setembro de 2019, achámos encerrado.
«S´aquela m... der para o torto, logo se vê...», comentou-se no grupo de comensais. Mas a convicção era a de que nada nos atemorizando, nada nos impediria das férias tão laboriosamente preparadas e que incluíam uma viagem para o centro/sul de Angola, por terras do Huambo (Nova Lisboa e Silva Porto) e as litorais Lobito e Benguela.
Diário de Lisboa de 29 de Março de 1975: «A ordem regressa a Luanda», titulava a 1ª. página de há 45 anos! |
Notícias de Luanda
muito animadoras !
As notícias do dia, chegadas de Luanda, na verdade, até eram animadoras.
O protocolo de cessar-fogo assinado na véspera estava a resultar e MPLA e FNLA libertaram os prisioneiros, embora não se soubesse se todos. O ambiente de tensão na cidade descomprimia-se, o que era bom, apesar de se manter o recolher obrigatório das 21 horas. As sedes do MPLA e da FNLA estavam fortemente guardadas, não fosse o diabo tecê-las. A do MPLA, na Vila. Alice, por exemplo, tinha à sua volta «um rigoroso dispositivo de segurança».
A UNITA, de seu lado, assumia uma atitude de (aparente) neutralidade, face aos acontecimento que, de armas na mão, vinham opondo MPLA e FNLA e rejeitando qualquer ligação a esta última (a de presidência de Holden Roberto). Jonas Savimbi, em Dar-es-Salan, rejeitou a ideia de uma guerra civil e embora se aproveitasse das divergências entre os dois movimentos (concorrentes), a verdade é que os exortou a «evitarem por todos os meios a luta fratricida».
Jonas Savimbi anunciou mesmo, a esse tempo de há 41 anos e citamos o Diário de Lisboa de 29 de Março de 1975, «um encontro entre os três presidentes, para tratar de assuntos políticos e nomeadamente das eleições». E. sobre estas, defendeu «um Governo de Coligação, em moldes idênticos aos actual, mesmo depois das eleições».
As declarações do presidente da UNITA não seriam de todo inocentes já que, de algum modo, se aproveitava das diferenças entre MPLA e FNLA para afirmar o seu movimento, insistindo nos perigos de uma guerra civil e considerando que «admitir tal hipótese, é inimigo de Angola».
Mal imaginariam todos os trágicos males que iriam acontecer à terra angolana que se preparava para a independência!
Raúl Corte Real |
Capitão Corte-Real, 74
anos em Lisboa !
O capitão Raúl Corte Real comandou a CCAÇ. 4145 e comemora 74 anos a 29 de Março de 2020.
Os «caçadores» desta Companhia chegaram a Vista Alegre no dia 1 de Abril de 1973 e de lá saíram em Novembro de 1974, sendo substituídos pela 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias.
«Pouco tempo estivemos com o vosso Batalhão, até porque, no último período, Vista Alegre ficou integrar uma grande operação no Quanza Norte - a Operação Turbilhão - e eu fiquei a comandar a única ZI do Uíge», disse-nos Raul Corte Real, recordando a sua jornada angolana.
Sabemos que mora em Lisboa e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
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