Notícia do Diário de Luanda de 26/08/1975, sobre as valas comuns de S. Pedro da Barra e Farol das Lagostas. Recorte de Rodolfo Tomás |
Luanda e Campo Militar do Grafanil. Terça-feira, dia 26 de Agosto de 1975, há 46 anos, exactamente duas semanas antes da partida dos Cavaleiros do Norte para Lisboa.
O «Diário de Luanda» (imagem ao lado) falava de «crimes monstruosos cometidos pelos ocupantes dos Farol das Lagostas e da Fortaleza de S. Pedro da Barra». E acrescentava que «corpos humanos em adiantado estado de decomposição testemunham a prática de crime de autêntico genocídio».
Notícia do Diário de Lisboa de 26/08/1975 |
Diário de Lisboa de 26/08/1975 |
MPLA a «tomar»
território angolano
A cidade de Luanda estava estranhamente calma e no Caxito também não tinha havido alteração da situação militar, embora se verificasse «intenso movimento de forças do MPLA e da FNLA» o que, obviamente, fazia (deixava) «prever a possibilidade de confrontações, talvez as próximas horas».
O Lobito observava a saída das forças da FNLA, por mar e pela marinha portuguesa, para Santo António do Zaire Zaire. A UNITA já tinha saído e a área era controlado pelo MPLA. Tal como Moçâmedes, de onde também a FNLA estava para sair, negociando-se nessa altura a evacuação da UNITA.
Uma coluna militar portuguesa foi de Nova Lisboa ao Alto do Catumbela resgatar 1200 civis que estavam retidos junto à fábrica de celulose, «tendo regressado sem novidade». Pereira d´Eça, General Roçadas e Humbe, mais a sul, também ficaram controladas pelo MPLA.
Sá da Bandeira, que era «importante centro cafeeiro e rodoviário», estava desde a véspera «em posse de unidades do movimento de Agostinho Neto». «As forças da FNLA e da UNITA capitularam e comprometeram-se a abandonar a zona urbana no espaço de 24 horas e de toda a província da Huíla em 48 horas», reportou o Diário de Lisboa.
O comandante Carlos Almeida e Brito |
Almeida e Brito no
Comando de Sector
Um ano antes e para «contactos operacionais», o comandante Carlos Almeida e Brito foi do Quitexe a Carmona, onde reuniu no Comando do Sector do Uíge (CSU).
O tempo era de «não realização de acções ofensivas». Já, na verdade, não se faziam operações nas áreas dos quartéis IN e os Cavaleiros do Norte passaram a «apertar a malha dos patrulhamentos ao longo de toda a ZA» - assim garantindo «a segurança dos centros urbanos e a liberdade de itinerários».
O dia ficou na história por ser o da assinatura, em Argel, do acordo entre Portugal e o PAIGC, através do qual era reconhecida a independência da Guiné-Bissau - marcada para o dia 12 de Setembro desse ano de 1974. As tropas portuguesas, segundo o acordo, abandonariam o território até 31 de Outubro.
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